Empoderamento Feminino

Empresárias brasileiras na Alemanha

Por Rosani Erhart Schlabitz

Aqui iniciamos a saga do Empreendedorismo Rosa pelo mundo. A Alemanha estreia com o depoimento da empresária brasileira, moradora de Düsseldorf, Iramaia Kotschedoff.

1) Quando você iniciou sua atividade como empreendedora?
A história é muito longa. Iniciei como empresária em 1989, no dia dois de julho. Mas, em 1978, tive o meu primeiro contato com as feiras alemãs em São Paulo. Na época, eu estava desempregada e procurava trabalho como freelancer. Encontrei meu ex-chefe da Vasp, que estava trabalhando na LUFTHANSA, e ele me perguntou se eu não gostaria de trabalhar como freelancer vendendo pacotes para as feiras alemãs. Eu me empolguei com a ideia e a LUFTANSA de São Paulo me deu o apoio necessário me colocando à disposição uma mesa, uma cadeira, telex e telefone. Resumindo, cheguei em Düsseldorf em Junho de 1980, acompanhando o primeiro grupo de empresários da área de panificação para visitar a IBA, maior feira de panificação do mundo. Aproveitei e fiquei 6 meses como Aupair (é  uma ajudante  doméstica  remunerada  vinda  de  um  país  estrangeiro,  que  trabalha  para  famílias  com  crianças  e  estuda  o  idioma local). Durante este período me aproximei mais das feiras de Düsseldorf e Colônia, conheci o funcionamento da Hotelaria e agências de viagens. Após 6 meses, retornei ao Brasil onde fui trabalhar como Promotora de vendas na Lufthansa de Salvador, hoje chamada de Key account. Posteriormente, retornei a Düsseldorf e me casei.

Dr. Manfred Kotschedoff e Iramaia Kotschedoff

2) Neste retorno quais eram os serviços profissionais que você prestava?
Na época os meus ex-colegas da Lufthansa me pediram para dar assistência aos clientes deles nas feiras de Düsseldorf, depois tive que conseguir acomodação em casa de família. E assim foram aumentando meus trabalhos nesta área.

3) Qual era o teu diferencial?
Fui a pioneira na minha região, eu sabia das necessidades dos brasileiros ao visitar feiras na Alemanha, conhecia seus medos e expectativas. Além disso, havia na época uma grande necessidade de conseguir acomodações com uma boa relação entre custo e benefício de acordo com o bolso do cliente. E este assunto, eu conhecia bem.

4) Quais foram e são os teu motivadores pessoais como empresária nesta área?
O maior motivador foi saber que eu estaria, diariamente, em contato com os meus ex- colegas de aviação e turismo. Em segundo lugar, estaria ajudando aos 2 países (Brasil e Alemanha). A Alemanha ganhava com o dinheiro que os brasileiros deixavam em hotéis, alimentação, presentes e para o Brasil ficava o know how. Em terceiro lugar, poderia fazer o meu trabalho em Home Office, uma vez que eu tinha 3 filhos pequenos. Eu sempre trabalhei no Brasil e não seria feliz aqui sendo apenas dona de casa e mãe.

5) Quais foram as maiores dificuldades que você encontrou na Alemanha como empresária, mãe e mulher?
A maior dificuldade era a falta de uma emprega doméstica, tão comum no Brasil e aqui artigo de luxo. Para a mulher que trabalha fora, hoje em dia existem muitas creches, na minha época não. Por isso tive sempre Aupair e/ou faxineira, praticamente paguei para trabalhar, mas sem isso eu não estaria no mercado. Sem investimento financeiro e muito mais investimento pessoal, fica impossível começar a vida como empresária. Outra coisa muito importante é ensinar os filhos a serem autônomos. Educar toda a família a funcionar como um time de futebol. Eu tive muita compreensão dos meus filhos e apoio integral da família. O idioma também é um desafio, mesmo falando fluentemente, há seus percalços e pegadinhas que muitas vezes acabam em mal entendido. Uma coisa impressionante, que me chocou muito, foi: como o meu marido era diretor de uma das grandes empresas organizadoras de feiras em Düsseldorf, na época, ele teve que participar à chefia que a esposa estava abrindo uma empresa com prestação de serviços direcionadas a feiras. Eu precisei praticamente de uma autorização, caso contrário, não poderia ter aberto a minha empresa. Isso no Brasil não teria acontecido, muito pelo contrário, eu receberia apoio por estar ajudando aos expositores e visitantes a serem bem atendidos.

6) O que é a IRAMAIA Messe Service e a IRAMAIA Business Solution?
Hoje o nome da empresa é IRAMAIA GmbH e o Claim: Business Solutions. Nossos maiores clientes são Abimo , Abicalçados, BRASKEM, FANEM e IBRAVIN, entre outros. Eu decidi tirar o “Messe Service”, por que estava confundindo as pessoas aqui na Alemanha. Eu recebia telefonemas pedindo arranjo de flores ou bebidas para estandes nas feiras (risos). O Business Solutions dá a ideia que cuidamos do seu negócio. Mesmo em assuntos que não possamos assumir, temos uma network maravilhosa e passamos a bola pra frente.

7) Cite aquilo que na tua opinião não pode faltar para uma empresária brasileira conquistar sucesso na Alemanha?
Seriedade, comprometimento e persistência.

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