Empoderamento Feminino

Uma família literária

Por Mayra Corrêa e Castro

Uma família literária criticará seu texto sem criticar você.

Quando Jennifer Egan, escritora norte-americana vencedora de um Pulitzer, esteve em Paraty para a FLIP, chamaram atenção as saias longas que arrastou pelos paralelepípedos históricos da cidade e o enorme sucesso editorial de seus livros. Menos, talvez, deve ter despertado interesse a declaração que fez no programa Authors@Google de que ela põe à prova o que escreve num grupo de escrita.

 

Umbilical, família literária feminina desta colunista.

 

Entregar manuscritos para que amigos opinem é básico na vida de qualquer pessoa que queira ser lida. Na falta de amigos sinceros, jogam-se os textos num blog, na timeline do Facebook, numa plataforma como Recanto das Letras, e se aguarda a reação (ou a completa ausência dela). Mas interações com amigos ou com seguidores de redes sociais são pouco produtivas para alguém que está escrevendo com pretensões ao êxito artístico. Via de regra, amigos e seguidores julgam com base no “gosto/não gosto” – o que não mostra o que precisa mudar no texto –, ou julgam o comportamento do escritor a partir de suas histórias – o que também não ajuda muito.

Um grupo de escrita é o que chamamos de “família literária”, círculo de pessoas que vai discutir o texto em vez do autor. São informadas sobre produção textual porque é o que amam fazer: ler, escrever e discutir livros. É como se você tivesse uma mentoria coletiva para seus escritos. Se tiver sorte de encontrar uma família literária, perceberá que é rápida a melhora no que escreve e em seu estilo. Mas na falta dessa oportunidade, fazer um investimento pode ajudar: hoje está mais acessível encontrar e participar de cursos de aperfeiçoamento em escrita criativa.

É o que oferece Julie Fank, da Escola de Escrita, de Curitiba/PR. Doutoranda na PUC/RS em Escrita Criativa, orientou sua graduação em Letras para um rumo diferente da carreira acadêmica ou do ensino de português para crianças e adolescentes. Superempreendedora, montou uma escola que ensina aperfeiçoamento linguístico em empresas e também para quem quer transformar o talento para a escrita em habilidade.

A ideia é, se você cursa artes plásticas ou música para ser tornar artista plástico ou músico, por que não uma escola de escrita para se tornar escritor? Para escrever bem, ouvir críticas é fundamental, seja numa família literária, seja recebendo orientações de quem entende tudo do ofício.

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