Por Leonardo Pansardi Grisotto
Apesar da recessão econômica vivida no país, mais de um milhão de novas empresas foram abertas no primeiro semestre de 2016.
Que a economia do país não está em seu melhor momento, não é novidade para ninguém. No entanto, mesmo diante de um cenário repleto de incertezas, este pode ser um momento interessante para quem sonha em ter o seu próprio negócio. Ao contrário do que se pode imaginar, especialistas afirmam que o período de recessão econômica pode oferecer inúmeras vantagens para novos empresários, basta estar atento aos riscos e oportunidades.
Ao mesmo tempo em que retrai, ela também pode ser uma boa impulsionadora. A crise econômica que afeta o país ainda assusta, mas vem motivando muita gente a realizar um grande sonho: o de ter o seu próprio negócio. No primeiro semestre de 2016 o Brasil registrou número recorde de abertura de empresas: de acordo com pesquisas realizadas pelo Serasa Experian, foram abertas mais de um milhão, um crescimento de 3% referente ao mesmo período do ano passado.
Para se arriscar, é preciso possuir senso de oportunidades: enquanto alguns mercados se mantêm emperrados, outros parecem estar propícios a novos empresários. O setor de serviços, por exemplo, continua sendo uma boa opção de investimento: representando cerca de 60% das novas empresas abertas no país, este é um mercado que se mantém aquecido em tempos de recessão, podendo, inclusive, oferecer serviços que acompanhem as atuais necessidades de mercado, como atender grandes corporações que buscam alternativas para redução de custos. Outras áreas que costumam se manter mais resistentes à crises são as de alimentação, estética e saúde.
No entanto, existem outros detalhes a serem considerados: o nicho de mercado correto tem mais a ver com as características individuais e preferências do empreendedor do que setores mais promissores. É claro que se for possível casar essas duas coisas, será perfeito. Mas na dúvida, a paixão pelo que faz e a experiência devem vir primeiro. Isso poupará muito tempo com aprendizado de detalhes e processos que o empreendedor já conhece. Outra vantagem de lançar um empreendimento neste momento é que isto pode ser um bom test drive: conseguir deslanchar será um atestado de capacidade técnica e empresarial, assim como será também para aqueles que conseguirem atravessar a crise.
Possuir um olhar crítico também faz toda a diferença: saber identificar bons negócios que estejam sendo mal administrados, por exemplo, pode ser uma opção, visto que nestes casos o proprietário tende a repassar o empreendimento com valores mais baixos e condições mais atrativas. Franquias também podem ser uma escolha acertada, visto que uma marca já consolidada representa menos riscos e oferece mais credibilidade ao consumidor. Além disso, nestes casos, o franqueador costuma oferecer incentivos importantes como pesquisa de mercado, consultoria, plano de negócios, ponto para instalação, entre outros.
Mesmo diante de tantas vantagens, não se pode esquecer que abrir uma empresa requer planejamento, e quando se trata de um momento economicamente delicado, esse planejamento precisa ser ainda mais cuidadoso e detalhado. Pesquisa de mercado e planejamento financeiro (orçamento de volume de receitas, preços, custos variáveis, despesas fixas, entre outros) são imprescindíveis. A paciência é outro ponto importante – se o empresário está em busca de lucro rápido, é melhor protelar a ideia. Mesmo para um investidor que compra uma boa empresa em estágio falimentar devido à má gestão, levará um tempo até reerguê-la. Lucros rápidos são para apostas e cassinos, não empresas. Aqui os ganhos dependem de todo o sistema estar bem azeitado, e isso leva tempo.
Para finalizar, algumas dicas importantes para quem está cogitando a possibilidade de dar esse grande passo: O fluxo de caixa é o oxigênio de um negócio. Sem ele a empresa morre em pouco tempo. Em períodos críticos é crucial controlá-lo centavo a centavo, saber exatamente de onde vem e para onde vai o todo dinheiro da empresa. Quem se preparou há algum tempo e hoje possui uma boa gestão financeira, está conseguindo atravessar a crise de maneira mais tranquila, pois reservou capital de giro e está investindo nas coisas certas. Quem não tem uma boa gestão financeira, sofre com as indecisões ao não saber o que fazer, o que cortar, onde enxugar e onde investir. Na crise é preciso ser cirúrgico com o dinheiro e nesse aspecto, ter controle do fluxo de caixa é fundamental