Por Lênia Luz
“Tradicionalmente, 1º de abril é considerado o dia da mentira. Você sabe por quê? São muitas as explicações para o 1º de abril ter se transformado no dia da mentira ou dia dos bobos. De acordo com uma versão, a brincadeira surgiu na França do século XVI. Nessa época, o ano novo era comemorado dia 25 de março e as festividades só terminavam no dia 1º de abril. Em 1564 o rei Carlos IX da França adotou o calendário gregoriano e determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1º de janeiro. Zombadores passaram a ridicularizar o dia 1º de abril, enviando presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Outras justificam o dia da mentira com a ideia de que a data foi inspirada na natureza, que costumava enganar as pessoas na virada de março para abril com mudanças climáticas repentinas. Ao serem feitas de bobas pelo tempo, as pessoas resolveram também adotar a brincadeira. No Brasil, o primeiro a adotar a brincadeira foi o periódico “A Mentira”, em 1º de abril de 1848. O informativo transmitiu a notícia sobre o falecimento de D. Pedro I, fato que não havia acontecido e que só foi desmentido no dia seguinte.” Fonte: Blog Itatiaia
Talvez, se você for muito jovem não tenha brincado no dia 1º de abril. Para minha geração era dia de fazermos pegadinhas na escola, com os coleguinhas e quando percebêssemos que eles tinham “caído” no conto, dizíamos todos super animados: “Feliz dia da mentira!”. E tudo era uma grande festa.
Mas os tempos mudaram e esta brincadeira agora virou coisa muito séria. Não devemos mais celebrar este dia como tal, já que estamos vivendo um tempo de muitas mentiras vindo à tona. Elas geram em nós um sentimento de revolta, muita decepção e tristeza. Afinal, quem gosta de ser enganado?
Como empreendedores, muitos veem seus empreendimentos serem abalados e com eles, seus sonhos, projetos e recursos financeiros. Esta sensação de “fomos traídos” enfraquece nossas bases emocionais muitas vezes. Mas o momento agora não é de esmorecer e tão menos de nos colocarmos em situação de vítimas, mas é momento de avaliarmos as NOSSAS verdades e se, por mero acaso, tivermos alguma MENTIRA por debaixo do tapete, chegou a hora de não acharmos que somos seres acima do bem e do mal e que nunca seremos descobertos. Hora de colocar nossas casas, empreendimentos, vidas pessoais e profissionais no arquivo da limpeza, da mudança verdadeira, não no arquivo do “amanhã eu resolvo” ou do “ninguém está vendo mesmo”.
Não há mais tempo para a impunidade, não há mais espaço para festejarmos o dia da mentira. Não adianta empunharmos a bandeira da moralidade em nossas redes sociais, se estamos sendo incoerentes em nossas atividades profissionais e pessoais. E não me venha com esta de que é uma “mentirinha” de nada ou de que a “mentirinha” não é sua, é do outro, mas este outro muitas vezes é seu parceiro de negócios.
Convido você, pessoa do bem, que faça uma análise de sua vida pessoal e profissional e seja primeiramente honesto com você e, com isso, tome as devidas ações para que a história de nosso país comece a ser limpa, através de suas atitudes. E se você me disser que isso não adianta, eu lhe digo: “Você faz parte daqueles que ainda acredita que o Dia da Mentira é um dia para se celebrar”.
Carlos Drummond de Andrade em seu poema “Verdade” nos diz: “A porta da verdade estava aberta, mas só deixava passar meia pessoa de cada vez. Assim, não era possível atingir toda a verdade, porque a meia pessoa que entrava só trazia o perfil de meia verdade. E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil. E os meios perfis não coincidiam. Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta. Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos. Era dividida em metades diferentes uma da outra. Chegou-se a discutir qual a metade mais bela. Nenhuma das duas era totalmente bela. E carecia optar. Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.”
Beijos de feliz novo tempo da VERDADE!