Por ROSANI ERHART SCHLABITZ
Nosso entrevistado do mês é Mário Dal Pra, empresário brasileiro radicado em Munique e proprietário da Munique Turismo Incentivos e Eventos www.munique-turismo.com. O Turismo na Alemanha atrai mais e mais pessoas, encantadas com as belezas do país, um destino certo para um programa de viagem à Europa. Mário nasceu em Curitiba, Paraná e veio à Alemanha na década de 90. Aqui, se dedicou a estudar hotelaria na IHK-Industrie Handels Kamara, Academia de Munique, trabalhou em agências de viagem como Ruppert Brasil, Beckers Travel e foi freelance em inúmeras agências de incentivo e eventos.
ROSANI ERHART SCHLABITZ – O que o motivou a abrir uma empresa na Alemanha?
MÁRIO DAL PRA – Dar este passo não foi fácil. Apesar de já trabalhar há muitos anos como guia turístico, e ter grande experiência no setor, agora era diferente: eu seria responsável por uma empresa, sua organização do planejamento à contabilidade, até os pequenos detalhes como o papel da impressora. Tudo passaria a depender de mim. E isso dá um frio na barriga! Mas o sonho era trabalhar na minha área, voltado para projetos latinoamericanos. O propósito era aliar minha vocação e valores em uma empresa que pudesse ter meu jeito de trabalhar. De quebra, derrubar o clichê de que a nacionalidade define a capacidade de uma pessoa.
ROSANI ERHART SCHLABITZ – Então, o que é a sua empresa especificamente?
MÁRIO DAL PRA – A Munique Turismo Incentivos e Eventos é uma empresa de desafios e superação. Naturalmente, procurei estar bem assessorado para reduzir a margem de erro, pois é fundamental conhecer as leis, contratar serviços contábeis e ter planejamento. Penso que aqueles que queiram se tornar empresários devem seguir esse caminho.
ROSANI – Qual a proposta de valor da Munique Turismo Incentivos e Eventos?
MÁRIO – O objetivo da empresa é organizar eventos interculturais personalisados. Para isso, desenhamos ou elaboraramos um projeto de campanha que ofereça profissionalismo, flexibilidade, conhecimento e criação temática. A satisfação do cliente é a meta. Para ser alcançada, buscamos formas interculturais que utilizam o conhecimento das culturas brasileiras e alemã, unindo-as o mais possível. A espontaneidade deste amálgama, somada à autenticidade e transparência do assessoramento, deu origem à Agência Munique Turismo Incentivos e Eventos.
ROSANI – O que pode ser enriquecedor nas formas interculturais?
MÁRIO – Por conhecer os dois países e ter um especial interesse em demonstrar suas peculiaridades, como os aspectos que expliquem por que o alemão valoriza este ou aquele comportamento. Exemplo: ao conhecerem uma pessoa, eles privilegiam o aperto de mão enquanto os brasilerios gostam de beijar no rosto. Isso tem a ver com os costumes de cada um. Nos reinados europeus, não havia muita aproximação física, por respeito, por receio da transmissão de doencas, entre outros – vou deixar um pouco para contar quando vierem a Alemanha (risos). Não existe certo ou errado, cada um com sua cultura e razões históricas. E isso me dá prazer de mostrar.
ROSANI – Na qualidade de brasileiro, o que chama sua atenção nos alemães no que diz respeito à valorização do turismo?
MÁRIO – Aqui, na não há uma separação abissal do poder aquisitivo entre as classes sociais como no Brasil. Todos podem fazer muitas coisas, o trabalho é bem remunerado, podendo-se viajar, independentemente do estatuto sócio-econômico. Assim, a pergunta seria: onde está o luxo em poder viajar? No brasileiro, está em ter dinheiro; do contrário, tem que economizar muito para se permitir viagens ao exterior. Para chegar à Europa, a viagem é longa e a moeda tem outro valor. Apesar da aventura de conhecer lugares muitas vezes só visto em televisão ou revistas. Para o europeu, tudo é perto, a moeda é a mesma, o velho mundo faz parte da própria cultura e eles cultivam o hábito de estudar minuciosamente as peculiaridades dos locais a visitar.
ROSANI – Quais os lugares mais requisitados na Alemanha?
MÁRIO – O Castelo de Neuschwanstein, o mais visitado em toda a Europa; Regensburg (Ratisbona, em português) cidade medieval classificada como patrimônio mundial pela UNESCO; os Alpes alemães; e, naturalmente, Munique, com mais de um milhão e meio de habitantes, infraestrutura de altíssimo nível e dona de grande riqueza arquitetônica e cultural – mais de 40 museus, 50 teatros, 80 salas de cinema, três orquestras de renome mundial, cujo centro histórico, por contraste, suscita um ambiente de vilarejo caloroso e acolhedor.
ROSANI – Qual o acontecimento mais marcante da sua trajetória no turismo aqui, na Alemanha?
MÁRIO – Em 1989, fui convidado profissionalmente para conhecer um hotel em Berlim, um pouco antes da reunificação oficial da Alemanha, que se deu em 3 de outubro de 1990. A Porta de Brandenburg (que separava Berlim Ocidental da Berlim Oriental) ficava bem perto do meu hotel e, portanto, próxima do Muro. Da janela do quarto, observava as pessoas se movimentarem fazendo ruído. Não resistindo, saí para ver de perto. Eram tempos difíceis, de liberdade cerceada. Até hoje, não sei como tive coragem. O ambiente estava intensamente iluminado, muitos soldados e, mesmo assustado, peguei um fragmento do Muro que guardo de lembrança. O episódio se impregnou no meu percurso profissional como símbolo, uma espécie de amuleto de um brasileiro na Alemanha que, impulsionado pela curiosidade e o novo, rompeu com medos interiores.
ROSANI – Quais as princípios que o regem como empresário?
MÁRIO – Destaco seriedade e compromisso; alegria e serenidade; além de ética na busca da melhoria dos serviços prestados.