Graduada em economia pela Faculdade São Luís com estudos na Faculdade de Economia e Administração (FEA) e Universidade de Ciências Econômicas de Viena, Na Áustria, Fernanda Stefani está a frente do negócio social ‘100% Amazônia’. Com diversas experiências internacionais em multinacionais e facilidade de aprendizado sobre outras culturas foi numa viagem de volta de Belém do Pará que Fernanda conheceu um empresário norte-americano que comercializava produtos à base de açaí.
Depois de atuar neste mercado durante alguns anos, Fernanda decidiu abrir seu próprio negócio com sua sócia Joziane Alves. Foram cerca de 6 meses para estruturar a nova empresa de consultoria de supply chain especializada em produtos amazônicos. Havia oportunidade de abrir uma empresa que se baseasse no “triple bottom business” – e desenvolver uma cadeia de comércio justo e sustentável social e ambientalmente; baseando-se em produtos de base florestal não madeireira tais como os produtos extraídos das cascas e sementes das árvores.
O açaí, principal produto comercializado, corresponde a 60% do faturamento da empresa. Dele aproveita-se a semente no artesanato e na geração de energia, a polpa para alimentação e a raiz para infusão com finalidade farmacêutica. Como a produtividade da fruta é maior em floresta nativa do que no plantio, sua extração e comercialização auxiliam a preservação da floresta. Há também o incentivo da agricultura familiar que garante um empoderamento econômico da população do local, diferente de monoculturas e criação de gado para corte, que tendem a beneficiar latifundiários e fazendeiros com pouco comprometimento social e ambiental. “A promoção de produtos para comercialização ocorre principalmente em torno do gado, mas não agrega valor para nossa população. Na agricultura familiar conseguimos criar cadeias em que todos são remunerados justamente, com a organização de cooperativas que ficam responsáveis pela colheita e extração” explica Fernanda.
O propósito da 100% Amazônia não é o lucro por si só (embora a empresa dobre seu lucro todos os anos); é o envolvimento local, o desenvolvimento de pessoas e comunidades, a narrativa de uma história pertencente a todos nós e a preservação de um patrimônio único no mundo. Para Fernanda, um empreendedor nunca pode deixar de lado seu papel transformador. E, como mulheres, nosso diferencial estaria em nossa força, confiabilidade e trabalho árduo em prol de um objetivo em comum. A dica da empreendedora para quem quer iniciar o seu próprio negócio é: ter muita paciência, buscar ajuda de órgãos governamentais, ter uma equipe que consiga interagir e acredite na atividade empreendida e, é claro, trabalhar naquilo que você ama.
Irina Cezar é recém formada em Ciências Sociais pela USP, co-fundadora do movimento político estudantil ‘Reação’, militante feminista e coordenadora de mulheres da juventude municipal do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Ela apoia o 100% Amazônia