Por Caroline Farias dos Santos
Nós mulheres que entendemos nossa condição, conhecemos nossas forças e também nossas fraquezas, valorizamos nossos potenciais e que enxergamos que temos características diferentes dos homens, mas lutamos pela igualdade de gênero porque reconhecemos que ainda vivemos em um mundo muito machista e sexista, muitas vezes procuramos grupos e redes para nos ajudar com nosso empoderamento. Lemos livros sobre o tema, curtimos publicações no Facebook, fazemos mestrado nesta área, conversamos com amigas e outras mulheres sobre o assunto. Mas será que isso basta?
Acho que não. Eu pergunto: Quem de nós analisou as propostas de nossos governantes para o desenvolvimento de igualdade de gênero? Será que existe algum candidato pensando em políticas públicas para incentivar o mercado a investir no desenvolvimento de mulheres? Há algum candidato que pretende desenvolver alguma ação para diminuir a violência contra a mulher? E pensando em postos de atendimentos especializados na saúde da mulher?
Precisamos cobrar dos políticos brasileiros compromisso com o respeito às mulheres.
Para alcançarmos a igualdade que tanto almejamos não basta apenas nossos movimentos na esfera privada, não basta exigirmos das empresas programas de diversidade de gênero. Não basta buscarmos que o mercado nos aceite e nos reconheça. É preciso também que sejam desenvolvidas políticas e programas pelos nossos governantes que garantam, incentivem e estimulem o empoderamento da mulher na esfera pública, na economia, na política, no ambiente de trabalho, na saúde, na educação, no laser, na cultura, na mobilidade, e principalmente na segurança.
Falamos em políticas públicas porque é preciso que as ações envolvam todas essas esferas. Precisamos de mais mulheres ocupando cargos políticos, porque elas sabem do que outras mulheres precisam, precisamos de mais escolas e creches porque muitas mulheres ainda faltam trabalho quando não têm onde deixar os filhos, precisamos lembrar que atualmente 42% das famílias de classe média são sustentadas por mulheres. Precisamos urgentemente pensar na segurança das mulheres. Vocês sabiam que no Brasil 13 mulheres são assassinadas todos os dias? Em 10 anos aumentou 54% o número de homicídios de mulheres negras, passando de 1.864, em 2003, para 2.875, em 2013.
Com o resultado do primeiro turno das eleições o Tribunal Superior Eleitoral apurou que 638 mulheres foram eleitas prefeitas em um universo de 5.496 municípios. Isto representa 11,6% dos eleitos.
Dos 57.838 eleitos para as câmaras municipais, apenas 7.807 são mulheres. Nós não estamos nos fazendo representar. Não estamos colocando no poder quem possa fazer alguma coisa por nossas necessidades. Nós não estamos pensando em tantas mulheres que dependem de políticas públicas para terem seus direitos mais elementares respeitados.
Nós queremos ocupar postos de comando nas empresas, somos capazes. Administramos nossos próprios negócios, brigamos por mais participação dos homens nos assuntos domésticos e na educação dos filhos. Mas então porque não ocupamos cadeiras no poder legislativo e executivo? Porque não votamos em mulheres? Porque não cobramos que os governos também promovam a igualdade de gênero?
Aqui em Curitiba ainda não elegemos nosso prefeito, mas será que algum dos nossos candidatos pensa nesse assunto?
A ONU Mulheres em parceria com o Tribunal Superior Eleitoral lançou uma plataforma Cidade 50-50: todas e todos pela igualdade, com o objetivo de que candidatos e candidatas assumam nas eleições compromissos públicos com os direitos da mulher. Candidatos podem inserir na plataforma suas propostas para o desenvolvimento da igualdade de gênero. Nenhum dos nossos dois candidatos ao segundo turno foi encontrado nesta plataforma.
Como as eleições serão neste domingo ainda dá tempo de pesquisar sobre o seu candidato e verificar se ele tem alguma posição sobre esse assunto. Se queremos realmente ser empoderadas precisamos também cobrar de nossos governantes o desenvolvimento de programas que garantam o desenvolvimento igualitário entre homens e mulheres e uma atenção especial às nossas necessidades e direitos.
Vamos lá, vamos fazer a diferença nessas eleições. Ainda dá tempo!
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