Por Alessandra Alkimin
Para ser criativo é preciso ser mais que um realizador de insights. É necessário ser um super-herói. A utilização de alguns “dispositivos criativos” no dia a dia pode conferir às pessoas poderes fora da caixa, ou melhor, fora do comum.
Ser um super-herói com superpoderes para chamar de seu é o desejo de muitos empreendedores. Tais poderes são nada mais, nada menos que a capacidade criativa de criar produtos e serviços inovadores, nunca antes inventados. E quando sua ideia vira febre no mercado, você realmente se sente um verdadeiro super-herói.
Um bom exemplo é o Lanterna Verde. Seus superpoderes vêm do seu anel verde, que é movido pela sua força de vontade. Com esse anel, ele é capaz de criar tudo o que sua imaginação permitir a partir dessa força. Sem dúvida, o Lanterna Verde é um empreendedor criativo.
Levando a história desse super-herói para a vida real, vamos seguir direto para uma pequena e pacata cidade mineira conhecida como Alagoa, localizada na região da Serra da Mantiqueira. Quem repara no “jeitim” agitado do advogado Osvaldo Martins, mais conhecido como “Osvaldinho”, não consegue imaginar que ele nasceu e vive até hoje nessa cidade de pouco mais de 2,7 mil habitantes. Muito querido pela maioria dos moradores, ele é o exemplo vivo de quem acreditou num sonho e correu atrás para que ele se tornasse realidade – foi então que nasceu o Queijo D’Alagoa.
A ideia de vender queijo pela internet deu a ele projeção nacional. Com um site e perfis em redes sociais, ele envia o queijo parmesão artesanal para todo o Brasil. Sua ideia empreendedora mantém viva a tradição local e inspira várias pessoas a correrem atrás do sonho de montar seu próprio negócio. Um pequeno detalhe: a internet à rádio chegou a Alagoa há pouco mais de cinco anos, junto com o sinal de celular. Já a internet a cabo chegou há apenas dois anos.
Mas, de onde surgiu a ideia de vender queijo pela internet? Por incrível que pareça, Osvaldo usou as redes sociais como alternativa de negócio devido à dificuldade para chegar à cidade de Alagoa. Quando chove, a situação da estrada de chão fica praticamente insustentável. É lama e buraco que não acaba mais. E não era só isso.
Vários produtores do parmesão reclamavam dos altos preços do frete para transportar o queijo até as cidades vizinhas. De um problema real, o empreendedor Osvaldo encontrou a solução perfeita para gerar negócio. Ele queria vender o queijo e o problema da estrada não ajudava. Usar a internet veio de um insight arrebatador que acabou transformando o mineiro de Alagoa em um empreendedor criativo de sucesso.
Osvaldo é o super-herói Lanterna Verde.
E para entender melhor do seu negócio virtual, Osvaldo teve a orientação do Sebrae – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Segundo ele, “a técnica do Sebrae me deu muito apoio, apostou na ideia. E eu me animei e me preparei para arriscar no negócio”. Tal apoio foi determinante para o empreendedor atrair e conquistar amantes do parmesão em todas as partes do Brasil, e até famosos, como colunistas gastronômicos, blogueiros de culinária e o cantor Lulu Santos.
A receita do sucesso? “Quando fala Queijo D’Alagoa, o povo acha que é uma empresa. Mas, na verdade sou eu, sozinho. Pego o queijo, lavo, rotulo, empacoto, posto, faço a propaganda na internet e faço contato com os clientes”, relata Osvaldo. Com tanto sacrifício aliado ao seu empenho e dedicação para fazer seu negócio dar certo, o Queijo D’Alagoa já lhe rendeu dois prêmios pela sua iniciativa empreendedora – MG Turismo e Fundação Dom Cabral, além da certificação pelo IEPHA – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (jeito artesanal de fazer o queijo).
E o sucesso do Queijo D’Alagoa não para de render bons frutos para Osvaldo. Seu jeito simples e cativante já conquistou vários fãs nas redes sociais, como o Twitter. Eu virei fã do Osvaldo pela sua maneira empolgante e criativa de divulgar o Queijo D’Alagoa no microblog. A partir daí, pude acompanhar seus posts diários sobre o famoso parmesão.
Só falta agora uma visita a Alagoa pra conhecer esse empreendedor que tanto me inspira com sua criatividade. “Dinheiro não compra felicidade, mas compra queijo, que é ‘igualzim’”, afirma Osvaldo.
Histórias de empreendedores que começaram do zero, e com criatividade, muita persistência, confiança e vontade de fazer acontecer seu negócio, me fazem ter a certeza absoluta que nem todo sonho que não deu certo está perdido. Que mais e mais empreendedores criativos como o Osvaldo possam provocar uma reconexão com nosso potencial criativo, muitas vezes adormecido ou até mesmo deixado de lado pelo simples medo de arriscar algo. Espero que cada um de vocês sinta a confiança de que são realmente capazes de criar algo que faça sentido para as suas vidas e que traga algum tipo de benefício para os seus consumidores. E que o mundo esteja preparado psicologicamente para receber esse tsunami de empreendimentos criativos que não param de pipocar por aí.