Agradeço ao blog Empreendedorismo Rosa que, por meio da Arauco, me convidou a escrever sobre minha trajetória intraempreendedora. Fiquei muito satisfeita em poder compartilhar experiências e incentivar outras mulheres a explorarem ao máximo suas oportunidades de empreender dentro da empresa onde trabalham. Desde o início da minha carreira, sempre atuei em ambientes tradicionalmente masculinos e aprendi que a determinação é fundamental para um profissional fazer a diferença no mundo corporativo.
Sou formada em Letras e, graças a essa determinação e ao incentivo de minha mãe, tive a oportunidade de morar na Europa, onde defendi PhD em Língua e Literatura alemã. Ao retornar ao Brasil, consegui meu primeiro emprego na Volkswagen. Apesar de não entender nada sobre a fabricação de automóveis, falava fluentemente alemão, idioma que comecei a estudar aos 14 anos. Por isso, atuei na área de exportação da empresa, onde lia documentos trocados entre a unidade do Brasil e a sede da empresa, na Alemanha.
Antes mesmo de completar um ano de empresa, comecei a trabalhar com países árabes, especialmente no Iraque, para onde viajei em algumas ocasiões e conheci um cenário bastante diferente do Brasil, especialmente do papel da mulher na sociedade. Essa experiência foi definitiva em minha carreira e, em menos de dois anos, fui promovida e passei a atuar nas negociações com governos, no Brasil e no exterior.
Depois de 26 anos nessa empresa, onde me especializei em negociações internacionais e governamentais, fui convidada a assumir a presidência executiva da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), com o desafio de ampliar o diálogo do setor com as autoridades públicas, o Congresso Nacional e os mais diferentes públicos de interesse, além de reforçar a imagem dessa indústria internacionalmente.
Aceitei o desafio e novamente me vi diante de um setor fortemente masculino. Estou há seis anos na Bracelpa e acredito que a determinação, aliada ao foco nos objetivos do setor e à busca de excelência – o que envolve toda a equipe –, colaboraram à indústria de produtos de base florestal plantada a construir e fortalecer sua imagem diante dos públicos de interesse. Nesse trabalho, foi fundamental a ampliação do diálogo entre as empresas associadas e esses públicos, baseada na crença de que, em uma negociação, a comunicação franca e aberta pode trazer bons resultados a todos.
Refletindo sobra minha trajetória profissional, aprendi que as mulheres chegam aos resultados porque, muitas vezes, são mais simples e vão direto ao ponto. Conversam e lembram-se sempre da importância de ouvir o outro. Essa postura tem efeitos fantásticos no nosso dia a dia. Além disso, procuro falar na primeira pessoa do plural, coletivizando o poder e as decisões.
Também aprendi a importância da sustentabilidade para o futuro das empresas. Pude constatar os efeitos que boas práticas têm no meio ambiente e na vida das comunidades onde as empresas atuam. Por isso, na minha opinião, a busca do desenvolvimento sustentável deve nortear cada vez mais nossos trabalhos e, sem dúvida, os nossos sonhos.
Para terminar, minha dica para as mulheres intraempreendedoras é a seguinte: é muito importante ter uma cabeça aberta, eliminar fronteiras para o seu crescimento profissional e buscar a competência, pois esse é o grande diferencial de um profissional, independentemente de gênero. É necessário olhar a empresa e pensar grande, buscando formas de inovar, melhorar rotinas e colaborar para a conquista de resultados e, ainda, o bem estar de todos. Também é importante não deixar de lado o universo cultural, lendo, assistindo a filmes, trocando ideias, circulando e recebendo os amigos, pois atualmente já não se valoriza mais apenas capacitação técnica, mas tudo aquilo pode aperfeiçoar um profissional.
Elizabeth de Carvalhaes – Presidente executiva da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa). Com ampla experiência em negociações com governos e mercados internacionais, Elizabeth de Carvalhaes assumiu a presidência executiva da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) em setembro de 2007. No Brasil, sua atuação tem como principal foco negociar políticas públicas e industriais que favoreçam o crescimento das empresas, a ampliação da participação do setor no comércio global e a valorização das florestas plantadas. Elizabeth representa a indústria brasileira de celulose e papel na Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) e no International Council of Forest & Paper Associations (ICFPA). Elizabeth de Carvalhaes começou sua carreira na Volkswagen do Brasil e foi vice-presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
A Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) é a entidade responsável pela representação institucional da indústria brasileira de celulose e papel junto a seus principais públicos de interesse. Busca manter relacionamento com autoridades e órgãos governamentais, entidades congêneres, representantes de outros setores da economia, organizações não-governamentais, universidades, escolas, consumidores e Imprensa – tanto no País como no exterior. Atua em áreas que envolvem negociações setoriais, políticas econômicas e industriais, temas ambientais, mudanças climáticas, reciclagem, entre outros temas.