Minha vida de empreendedora tem 1 ano e 3 meses. Exige de mim um cuidado como temos com um filho que acaba de nascer. Exige muita dedicação, atenção e paciência (não só nossa, mas daqueles a nossa volta também). Este começo me deixa mais ausente de casa, amigos e família.Não é por exigência da empresa propriamente, é uma cobrança do investimento, de fazer o melhor, de fazer dar certo.
Fonte da imagem: Nanda Teixeira
Estou tentando explicar isso porque nossa relação com o trabalho, empresárias ou empregadas, é muito diferente da relação dos homens com seus trabalhos.
Se o marido liga e diz que vai chegar mais tarde, respondemos que o jantar estará no forno caso ele chegue com fome, mas o mesmo não acontece conosco…
Sempre há uma pergunta: você tem que ficar? Não tem mais ninguém para fazer isso? Não pode ser feito amanhã? E outras mais deste tipo.
No decorrer deste ano, meu marido, que eu amo muito e é maravilhoso, passou por várias fases. Primeiro achou que eu era louca de sair de um emprego registrada em regime CLT e ir empreender, depois me apoiou, e agora está distante, reclamando que eu não dou mais atenção pra ele, que eu estou sempre isso ou aquilo, (exatamente como os maridos reclamam de suas esposas, quando os bebês acabam de nascer!) e raramente se interessa pelas coisas que eu conto, então eu já quase não conto mais.
O fato é que estou investindo num sonho e em dinheiro também. Dinheiro não aceita desaforo, então tenho que planejar estratégias, metas e ações. Detalhar especificamente cada uma destas coisas, ser o mais precisa possível para atingir os resultados e alcançar o objetivo.
Neste contexto, não acho que meu marido fique acuado ou inferiorizado, nem nada deste tipo. Isso não é uma competição de quem ganha mais, de quem pode mais ou de quem vai mais longe! Nós mulheres queremos crescer sim, como indivíduo e ser reconhecida por isso também, mas queremos que todos a nossa volta cresçam junto, que aprendam com nossas derrotas e vitórias, que nos apoiem e vibrem, que se desenvolvam cada vez mais também. Afinal os frutos, bons ou ruins, também serão colhidos da mesma forma, por toda família.
Estou trabalhando muito, até tarde às vezes, e quando chego em casa, não quero palpite ou reclamação (agora falei como um homem!). Quero apoio e um colinho, porque mulher é guerreira, mas ainda é mulher.
Quero a admiração não de todos, mas de quem dorme comigo todas as noites. Que ele me olhe com aquele olhar de “como ela consegue”, quero seu apoio quando vou chegar tarde ou viajar.
Chico Buarque canta na música “Deixa a Menina”, o seguinte refrão:
“Por trás de um homem triste há sempre uma mulher feliz, e atrás dessa mulher 1.000 homens sempre tão gentis, por isso para o seu bem, ou tire ela da cabeça ou mereça a moça que você tem!”
Yuri Yonashiro é empresária, diretora da empresa OGZ, com experiência na organização, gerenciamento e realização de eventos Off-Road. Especialista em Empreendedorismo pela FGV/Goldman Sachs, através do projeto “10.000 Mulheres Empreendedoras do Mundo”.
4 pensamentos em “Como disse Chico Buarque: Mereça a moça que você tem”
Parabéns, Yuri!
Vc foi atrás, estudou, está se esforçando e crescendo… É valorosa.
Isso incomoda no início, até que todos se acostumem e saiam da zona de conforto que vc proporcionava. É normal.
Perde quem não a acompanha, quem não vibra junto. Mas você não deve se abater. Siga em frente e terá o sucesso merecido.
Que seu marido “mereça a moça que tem”!
E, que juntos, sejam muito felizes, sempre!
Olá Sonia!
A equipe ER fica muito feliz com a sua participação.
Concordamos com tudo que falou.
Obrigada.
Equipe ER.
Lindo texto Yu! Parabéns!
Lindo mesmo Thi!!!