Por Daniela Delfini
Já estamos em 2014, mas alguns temas ainda não evoluíram o suficiente, ainda são recorrentes em discussões sobre gênero e empreendedorismo feminino: “as empresas precisam ajudar as mulheres a deixar de estar divididas em dois: trabalho e família”; “grandes empresas já estão avançando nesse caminho, mas é necessário que esse movimento se intensifique e contagie empresas de todos os portes”.
Eu sempre acho isso um absurdo, não me conformo, penso que isso nem deveria ser discutido: respeito, direitos, igualdade de gêneros, divisão de tarefas? Terá sido privilégio o que eu vivi?
Volto uns trinta anos no tempo e me lembro de uma linda mulher, batalhadora, trabalhando, fazendo eu e meus irmãos ajudá-la em casa, sendo rígida ao extremo com nossos estudos e toda a disciplina do dia a dia, minha mãe.
Admiradora de Simone de Beauvoir, minha mãe foi uma mulher que se tornou independente antes da maioridade, saiu do interior para a capital, batalhou com os filhos e nos deu sempre o melhor que pôde, mas ela não teve com quem dividir todas essas responsabilidades do dia a dia e agora a gente vê como foi alto o preço que ela pagou por suas escolhas.
Então, eu espero que as mães de hoje sejam mais conscientes em educar seus filhos para serem diferentes e que tenhamos a persistência e esperança necessárias para que essa jornada evolua.
“Que nada nos defina. Que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria substância.”
Simone de Beauvoir