Por Deborah Munhoz
Os budistas chamam de “bolhas de realidade” à realidade que criamos a partir de nosso mundo interno. Nossos sistemas de crença (valores, cultura, religião, família, formação acadêmica, emoções e sentimentos formam um conjunto de referenciais internos que moldam a realidade a nossa volta, como um oleiro molda o barro.
Uma vez dentro de uma bolha, acreditamos que ela é a única realidade existente, nos identificamos e nos alegramos ou sofremos de acordo com ela. Ao construí-la, fazemos de tudo para sustentá-la. Devido a nossa inconsciência não percebemos que somos nós que construímos as bolhas de realidade e vivemos no piloto automático, com um software instalado e migrando de bolha em bolha.
Quem não conhece aquela mulher que só arruma namorado-problema ou do cara que já está na terceira versão de casamento com os mesmos problemas do primeiro? Ou ainda da empreendedora que sempre tem o mesmo tipo de problema com empregados ou fornecedores?
A Revolução Cultural como estratégia de Engenharia Social para implantar os valores socialistas na cultura de um país pode ser citada também como um exemplo de construção de bolha de realidade. A diferença é que neste caso, os valores e a cultura das pessoas são definidos consciente e propositalmente por um partido político e a cultura das pessoas é moldada de acordo com tais valores. Quer aceitemos ou não, estamos onde estamos porque trabalhamos para estar onde estamos. Quando, no entanto, começamos a perceber como o mundo externo é plástico e se molda a partir dessas dimensões internas, a realidade que se apresenta diante de nossos olhos começa a mudar. Em que mundo gostaríamos de empreender e viver?
E em que mundo estamos empreendendo e ajudando a construir agora? Bolhas podem ser estouradas a partir de escolhas e esforços conscientes. Estouramos bolhas cada vez que decidimos abandonar zonas de conforto – quer seja de mudar os rumos do trabalho, do casamento, de rede de contato, de amigos, de cidade ou simplesmente da forma de pensar. Podemos mudar nosso mundo interno.
Quem escolhe o caminho do empreendedorismo começa a trazer para si a responsabilidade de construir seu próprio destino. Acredito que empreender significa desenvolver a habilidade de estourar bolhas. Precisamos desenvolver a consciência de que somos nós que construímos nossa realidade a partir das escolha que fazemos ao longo da vida ou das escolhas que os outros fazem para a nossa vida.
Se você gostar da ideia, medite sobre o assunto estourando plástico-bolhas e amplie sua meditação para sua própria bolha de realidade. Vai perceber que tudo não passa de uma simples bolha.
Em tempo deixo duas dicas de leitura : ”Revolução Cultural” de Antônio Gramsci, e “1984” de George Orwell para melhor compreender o contexto de sua empresa.