Por Viviane Aroldi
Qual o verdadeiro significado da palavra “servir”?
Na vida empreendedora ouvimos a todo tempo as expressões “prestador de serviço” ou “conseguir um serviço”. A origem da palavra serviço vem do Latim SERVITIUM, “escravidão, servidão”, possivelmente de origem etrusca. Esta gerou também os termos servo, servil, servidor e servir.
Fazendo uma pesquisa rápida encontramos diversos significados para a palavra servir: ajudar, satisfazer, oferecer, fornecer, ser útil, cuidar, atender, e muitos outros. De qualquer modo, estamos falando de algo intangível, difícil de mensurar e precificar.
Até aí nada de novo! Gostaria de fazer uma pequena reflexão, para tentarmos ampliar o significado deste termo tão utilizado por nós no dia a dia.
Qual o sentimento de um militar ao servir sua pátria? De um médico voluntário em uma missão humanitária? De um professor dedicado em uma comunidade carente? Existe no serviço deles algo maior, que o dicionário não consegue explicar. Um sentimento de estar a trabalho por uma causa, por um propósito maior. Felizes os que já encontraram esta motivação na vida, mas todos nós podemos achá-la.
Tive a oportunidade de trabalhar como Coordenadora de Marketing, por 2 anos, no maior hospital pediátrico do país. Fica em Curitiba, e chama-se Hospital Pequeno Príncipe. Trata-se de uma ONG que sobrevive com muita dificuldade. Uma experiência que por si só já teria sido fantástica, mas o que aprendi lá não se resume à minha atividade profissional. Acho que nunca estive em um lugar com tantas pessoas unidas em torno de um único propósito, causa, ou missão. São aproximadamente 2.000 colaboradores em prol da saúde de milhares de crianças de todo o Brasil. E ao longo do tempo percebi o que estas pessoas possuem em comum: a vontade de servir ao próximo. Elas sabem que o seu trabalho faz diferença na sociedade – e como faz – independente da função que desempenham. O que seria dos pacientes sem o pessoal da hotelaria e limpeza? Das cozinheiras e copeiras? Da equipe da recepção? Dos médicos e enfermeiros? Mas lá, além das profissões tradicionais da área da saúde encontramos professores, voluntários, captadores de recursos, artistas plásticos, músicos, pesquisadores, e tantas outras. Um trabalho incansável, sem recursos, dia após dia.
Minha sala ficava em um mezanino. E no piso inferior estava a área de oncologia. Imagine você, todos os dias, ao entrar e sair do trabalho, ver aqueles “pequenos heróis” lutando pela vida. Eu respirava fundo e caminhava. Às vezes subia as escadas com um nó na garganta e, minutos depois, ouvia uma música do coral dos voluntários e a voz dos contadores de histórias; via médicos conversando com residentes, mães passeando com seus filhos no colo, empresários visitando a instituição e professores caminhando com carrinhos de livros. Quanta vida em um só lugar! E isso só é possível, porque ali as pessoas estão a serviço do próximo. E esta energia é contagiante.
Como empreendedores temos o dever de procurar a missão do nosso negócio, independente de qual seja o ramo de atividade. Certamente enxergar o propósito de uma empresa do terceiro setor é mais fácil. Mas podemos fazer um exercício, nos colocando no lugar das pessoas que irão consumir o nosso produto ou serviço, e na experiência positiva que terão. Lembrar que o cliente é um ser humano, que gosta e merece ser bem atendido, com respeito e cortesia. Buscar soluções que tragam conveniência, agilidade, qualidade e preço justo. E não porque isto está nos manuais, livros ou dicionários, mas porque é a nossa forma de “servir” e deixar nossa comunidade melhor.
Fazer a diferença na vida de alguém pode ser um passo para o sucesso. E trabalhar por uma causa é algo mágico e motivador. E como diziam nossos avós: vamos ter mais “serventia” para a sociedade!