Exercer o direito e a vontade de dizer “não” nem sempre é tão fácil, principalmente para as mulheres. Ao longo da vida, elas foram educadas para serem boazinhas, cordatas e valorizarem a satisfação alheia antes da sua própria. Mas o tempo avançou, assim como avançaram as conquistas e seus direitos. Entretanto se libertar de um comportamento, aprendido e reproduzido por anos, requer autoconhecimento, firmeza e uma boa autoestima. Várias são as fantasias ligadas a esse comportamento aparentemente pouco cordato e a forma como se enfrenta essa situação pode revelar o quanto a mulher caminhou no seu autoconhecimento e no autorizar-se.
A mulher empreendedora, que a frente do seu negócio precisa muitas vezes posicionar-se estabelecendo limites e contrariando interesses, deve aprender a fazer isso sem culpas ou sofrimentos. Precisa lidar com tais sentimentos para não cair numa armadilha emocional onde, na busca de aprovação ou reconhecimento, acaba cedendo pela dificuldade de verbalizar tais “nãos”. Engana-se com a ideia de que necessita do aval do outro e acaba sem se autorizar, consequentemente, se boicotando.
Muitos são os medos ligados a dificuldade de dizer um “não”, entre eles a sensação de culpa, o receio de ser vista como uma pessoa má ou arrogante, o medo da raiva do outro ou ainda a sua própria necessidade de aprovação. Muitos desses sentimentos podem estar ligados a sua formação e educação, e nem sempre são facilmente percebidos. Quando se diz um “sim” contra a sua vontade, por receio de frustrar o outro, esbarra-se com a própria frustração e as insatisfações que contaminam as relações. Os fantasmas criados, por nós, em relação a possível reação do outro, muitas vezes engessam nossas ações e impedem o avanço dos planos e do nosso próprio negócio.
Quais são os medos na hora de dizer um sonoro “não”? Quanto maior for a consciência sobre si mesma, maior será a capacidade de dizer sim ou não, dependendo da necessidade. Quando essa escolha está em consonância com seu desejo, mais facilmente ela será executada. Por outro lado, as consequências de não conseguir dizer “não” seriam uma possível perda do respeito e a falta de clareza nos limites interpessoais e profissionais. Podem surgir também ansiedade, raiva, dificuldade de relacionamentos, além do desgaste físico e emocional.
Mas seria possível satisfazer todos os lados? Dificilmente, considerando que cada pessoa pensa, sente e tem interesses diferentes do seu ou da sua empresa. A mulher à frente do seu empreendimento precisa saber a hora de escutar seu “feeling” e acreditar no seu potencial. Nem sempre necessita dizer não, mas quando o diz precisa ter a firmeza para tal, assim como nem sempre precisa da aprovação do outro para avançar em busca do seu sucesso.
AUTORIZE-SE!!!
Vânia Vidal de Oliva é Psicóloga Clínica, Psicanalista com mais de 25 anos de experiência no atendimento de adolescentes, adultos e na orientação familiar. Atua hoje na Clinica Casa do Crescer na cidade de Curitiba. Coordenadora de colunista do Empreendedorismo Rosa.
3 pensamentos em “A difícil arte de dizer “não””
Parabéns, Vânia!!
Você, como sempre, sempre atenta as questões tão importantes de nossa sociedade. Hoje, mais do que nunca, vejo a mulher dizendo SIM quando deveria dizer NÃO, tudo para atender a padrões sociais, que em nome de uma pseudo liberdade feminina, mais amarras coloca.
São muitas as mulheres profissionais com medo de negar, de dizer NÃO, como se isso representasse o seu fracasso, a sua incapacidade profissional, quando muitas das vezes é justamente o contrário: mostra a coragem, a ousadia de, em dizendo NÃO, mostrar que o caminho escolhido está errado e, este sim, fadado ao fracasso.
A mulher possui um “feelling” poderoso. Apenas precisa aprender a fazer o melhor uso dele para decidir quando ceder e quando dizer NÃO, sem medo do amanhã.
Parabéns pela clareza do artigo!
Ana
Ana Paula,
Obrigado pelas suas observações que complementaram muito bem a mensagem do texto.
Precisamos nos autorizar cada vez mais!
Bjs
Vania Oliva
Alberto,
Obrigado pelo seu incentivo.
Bjs, Vania Oliva