Por Luize Souza
Em meio à chegada da crise (econômica e existencial), quando anunciei minha saída de uma grande empresa para assumir um negócio próprio, como forma de incentivo, meus colegas de trabalho me deram um livro que marcou o momento: “O amor chegou tarde em minha vida”, da jornalista Ana Paula Padrão. No decorrer das 206 páginas, Ana conta sua trajetória como filha, esposa, profissional e, acima de tudo, mulher.
No início de sua carreira, durante um teste para uma emissora, a jornalista ouviu que seu perfil não era para trabalhar na TV. Ela não só venceu essa sentença, como se tornou uma profissional bem-sucedida, ocupando um alto cargo dentro da maior empresa de comunicação do país. Para alcançar essa conquista, Ana se apossou dos ternos escuros com ombreiras, da determinação séria, da dedicação intensa ao trabalho. Morou em Londres, NY, cobriu a guerra no Afeganistão. Entre tantas entrevistas, conheceu muitas pessoas importantes. A maior delas, Walter, hoje marido e amor da sua vida.
Diante da falta de tempo para a vida social e com um relacionamento conjugal muitas vezes por telefone ou bilhetes, exigências que a profissão lhe impunha, a jornalista mudou a rota da sua história. A decisão? Pedir demissão da Rede Globo. Os próximos passos? Mudar de emissora, fazer novos projetos, ter seu próprio negócio, se dedicar a outras mulheres. Sem os detalhes, a trama parece mágica. Mas temos a certeza de que a escolha e o caminho não foram fáceis.
Na mesma semana em que finalizei a leitura do livro, assisti ao filme: Selma, que retrata a atuação de Martin Luther King nas marchas pelos direitos iguais aos afro-americanos. Em pesquisa sobre o tema, descobri que nessa história o estopim se deu com uma mulher: Rosa Parks, que se negou a levantar e ceder lugar para um branco no ônibus. Certamente, você conhece a frase “I have a dream”, de King, mas talvez nunca tenha ouvido falar de Parks, mulher que ocupou seu lugar bravamente.
O que essas duas mulheres têm em comum é que, quando agimos com determinação, somos capazes de fazer a diferença, para nós e para o mundo, ao enfrentar nossas lutas internas e externas, promovemos grandes mudanças com pequenos gestos. Seja uma nova carreira ou uma nova história, o que nos cabe é uma dose de coragem para ocupar o lugar certo. E o lugar certo é aquele que nos traz paz, respeito e amor próprio.
E eu quero estar lá, na hora certa, para não deixar nenhuma oportunidade passar. Porque eu não quero que esse amor chegue tarde em minha vida. E você?