Margareth Thatcher plantou o que nós colhemos hoje. Goste dela ou não, aprove seu estilo de comandar ou não, a líder que revolucionou a economia britânica não teve sorte, e sim mereceu ter essa importância histórica. Quando já estava idosa, questionava o médico: “Por que só me perguntam o que estou sentindo e não me perguntam o que estou pensando? Interessam-me ideias e pensamentos”. Já mostrava ser uma mulher forte aos 9 anos, quando venceu o concurso de poesia: “Eu não tive sorte, eu mereci”. Também é por ‘meritocracia’ que a mulher do século 21 ocupa posição de tanto destaque. Como a Dama de Ferro partiu recentemente desse mundo (1925 – 2013), não estará mais aqui para ver o crescimento do empoderamento feminino.
O outro lado da moeda é que a mulher contemporânea vive uma roda-viva de trabalhos (sim, no plural), e o que mais sai da sua boca é a frase: “Estou exausta”. Muitas de nós estão mais felizes do que suas avós declaravam ser, mas será que comemoram suas vitórias? Estão mais exigentes em relação ao homem, mas será que acham por aí mais lanchinho da madrugada do que parceiro para uma relação duradoura? Também estão adiando a maternidade até um ponto em que boa parte já não consegue mais, pelo menos naturalmente. Buáá!
Nosso maior desafio hoje é o de fazer escolhas com mais tranquilidade e satisfação, em vez de querer abraçar o mundo e padecer de ansiedade, stress, fadiga. Viva a mudança de paradigma! A mulher, ávida por independência financeira e sucesso, agora quer negociar suas vontades, seus sonhos, seus interesses. Para aliviar a carga de tarefas, deseja trocar tantos ‘Es’ por alguns ‘OUs’. Ir ao supermercado ou ao cinema com a amiga. Relaxar no fim de semana ou adiantar 15 relatórios. Desconectar-se de vez em quando ou pirar… Ou isso ou aquilo. Ou se cuida ou seu corpo vai obrigá-la a desacelerar, concorda?
Curioso pensar que, no tempo de lady Thatcher, a mulher lutava para sair de casa para trabalhar. Hoje, agradece aos deuses se consegue voltar para casa na hora do jantar! Homens, hello, vocês terão cada vez mais que dividir as tarefas domésticas e a responsabilidade pela criação dos filhos. Nas minhas pesquisas, para escrever o livro Mulheres de Sucesso Querem Poder… Amar (Editora Gente), o que mais ouvi é que endurecemos. Assim como ouvi da ala masculina que quer, sim, nos agradar. Só não sabe direito como.
Muitas mulheres são como uma Ferrari dirigida por uma garotinha, ou seja, precisam explorar sua fortaleza externamente, mas internamente são de carne, osso e têm suas fragilidades, carências, necessidades genuinamente simples. O mundo se relaciona com o carrão, enquanto a mulher lá dentro anseia por ser vista, compreendida, amada e um pouco paparicada. Quem se habilita? A maioria de nós tem a força da Margareth Thatcher quando precisa tomar decisões duras, mas não abre mão de seu colar de pérolas.
Joyce Moysés é consultora e jornalista especializada em comportamento feminino, escritora e palestrante de liderança feminina. Fez vários cursos nas áreas de gestão e liderança, como o de Gestão de Negócios no Insper. Nos últimos 25 anos trabalhou nas revistas Nova e Claudia, e já escreveu artigos para Alfa, Máxima e Você S/A. Em 2010, participou do lançamento do Movimento Habla, para mapear tendências de comportamento das mulheres. Em 2012, coordenou o Prêmio Claudia e editou Claudia Noivas e Claudia Bebê. MULHERES DE SUCESSO QUEREM PODER… AMAR é seu primeiro livro. Atualmente faz palestras, produz conteúdo para publicações impressas, multimídia e eventos, escreve seu segundo livro, participa de programas de tevê e é parceira do projeto De Peito Aberto.