Por Karla Fabro
Uma das coisas que mais me chamou a atenção em um dos livros que venho lendo é a forma como a autora Sarah Lewis aborda o fracasso. O livro, que tem por título “O Poder do Fracasso”, me levou a algumas reflexões que se transformaram neste texto que trago aqui para dividir com vocês.
Numa viagem que fiz aos Estados Unidos no último ano, hospedei-me na casa de uma mulher, mãe de três filhos, que ficou viúva há pouco mais de três anos. Os filhos, hoje quase adultos, estão com 16, 19 e 21 anos, respectivamente. Quando conheci seu filho mais velho, ela comentou que sabia que ele poderia se virar na vida e que não precisava mais se preocupar da forma como o fazia antes, pois no momento em que as coisas apertaram para o seu lado, ele teve a iniciativa de pensar fora da caixa. Nas férias de verão ele acabou por se exceder com compras no cartão de crédito, sua mãe se recusou a pagar a fatura e como ele não tinha a quem recorrer, usou a sua criatividade transformando os quartos vagos da casa em acomodações no site Airbnb.
Nesse momento me lembrei do fenômeno de “quase vitória” do qual Sarah fala em seu livro. O fenômeno se refere a todos aqueles acontecimentos que quase foram um sucesso, passando pela música, arte, esporte, ciências, empreendedorismo e muitos outros. O atleta que quase ganhou a medalha de ouro, o atacante que quase fez gol, o filme que quase ganhou o Oscar, o candidato que quase foi eleito presidente, o empreendedor que quase viu seu negócio virar. Poderia citar uma série de “quase vitorias” em várias áreas, mas meu ponto se refere a uma reflexão em particular: o sentimento de muitos pais e mães em relação a seus filhos estarem “quase” encaminhados ou terem dado “quase” certo na vida.
É comum não darmos a chance para as crianças, jovens, alunos errarem. Logo, como queremos que eles aprendam o significado de palavras como perseverança, comprometimento e dedicação? Como retribuir com um conselho ou até um feedback quando não demos a eles a chance de experimentar? Várias pessoas que alcançaram a maestria em sua área de atuação já passaram por caminhos tortuosos, muitas vezes retrocederam, perderam, experimentaram e recomeçaram como amadores.
Conheci uma mãe que quis me contar um pouco sobre seu filho mais novo. Ele, só completará 6 anos em setembro e pela regra não deveria ingressar na primeira série este ano, porém, devido a uma mudança do MEC, a escola pode avaliar algumas aptidões da criança para saber se está preparado e assim fazer parte das exceções que entram antes da idade permitida. Entre outras atividades, teria que escrever a palavra correspondente ao desenho de uma bailarina e ele o fez, do seu jeito. Segundo ela, escreveu o “b” e os “as”, apenas o “l” e “n” que não ficaram muito claros, mas dava para entender. Para ela uma vitória, já para o pai não, ele não resistiu ao ver a “quase vitória” do seu filho, foi lá e corrigiu a palavra, escrevendo-a corretamente.
Se passarmos a explorar mais a ideia e os conceitos que costumam ser ignorados porque não estão visíveis aos nossos olhos quando estamos na busca pela excelência, poderíamos enxergar o quanto cada filho, seja ele criança, adolescente,
jovem ou adulto, é vitorioso por uma série de motivos. Talvez não tão felizes em alguns momentos, pois estão na busca, trilhando seu caminho, que muitas vezes, pode ser doloroso, passando do lúdico para o momento crucial da escolha entre persistir e desistir.
Atingir a “quase vitória” é um processo constante, falhar é um presente e um mistério, o inicio de um número infinito de possibilidades. Fracassar pode ser visto como uma celebração da determinação, da construção da resiliência e do espírito humano.
EM TEMPO: Quer saber mais sobre a viagem de nossa colunista, venha para a 1º pROSA do ano com o tema: ” Educação Empreendedora: Mitos e Verdades”, que abre nosso ciclo de pROSAS de 2016.
Karla V. Tobar Fabro, proseará sobre sua experiência de 80 dias nos EUA, visitando escolas que compartilharam suas experiências educacionais com foco no desenvolvimento empreendedor não apenas nos negócios, mas também na vida. Imperdível para os empreendedores que estão voltados a educação, profissionais da educação e pais e mães que queiram se inspirar com esta viagem.
Dia: 23.02 das 19h às 22h no Empreendedorismo Rosa, na sala Adelina Hess.
Bilheteria e inscrições: R$ 30,00 com inscrição antecipada via depósito ou direto no Empreendedorismo Rosa, na Rua 7 de abril,1181.
Informações: contato@empreendedorismoro