Por Morgana Krieger
Começo a escrever no Empreendedorismo Rosa em um dia interessante: hoje é a final da Copa do Mundo do Brasil. A Copa das Copas. A Copa da zoeira. A Copa em que, mais uma vez, o Brasil esperava alcançar seu hexa e não conseguiu. Em que Alemanha brilhou com sua organização, simpatia e toques rápidos e que tivemos medo de conceder aos Hermanos o título aqui no Brasil (que, na minha concepção e visão global, não teria problema algum). O que ainda foi muito pouco comentado (para o bem e para o mal), mas despertou minha atenção, é que esta é a primeira Copa do Mundo em que temos três das quatro seleções finalistas representam países que contam com mulheres em posições de chefes de Estado.
Olhando superficialmente, nem parece tão importante assim. Não é? Estamos tão acostumados a ver a imagem de Dilma Roussef, da Angela Merkel e da Cristina Kirchner nos jornais. Mas foi um longo caminho até que isto acontecesse. Desde Deodoro da Fonseca (1889), foram 35 homens chefes de Estado até chegarmos à Dilma. Se considerarmos desde 1871 com o Império Alemão, a Alemanha levou 34 homens até chegar à Angela. A Argentina, desde 1826, passou por 51 homens até Cristina.
No Brasil, as mulheres adquiriram direito ao voto somente em 1933 (no Rio Grande do Norte foi em 1928) e, mesmo se passando 80 anos, ainda representamos muito pouco na vida política de nosso país. Mulheres completam 8% do Congresso e 13% do Senado. Temos duas governadoras e 11% das prefeituras são dirigidas por mulheres – o que é recorde histórico.
A UN Women, entidade das Organizações das Nações Unidas responsável pelo empoderamento feminino e igualdade de gênero, publicou em 2014 o mapa mundial das mulheres na política. O Brasil ocupa o 33º lugar no ranking de países com mulheres em posições ministeriais (com 25% de ministras) e o abominável 124º lugar no ranking de países com mulheres no legislativo federal. Tenha acesso aqui: http://www.ipu.org/pdf/publications/wmnmap14_en.pdf.
Por isso, para mim, esta Copa é realmente a “Copa das Copas”. Roussef, Merkel e Kirchner trouxeram um pouco de diversidade de gênero para este evento extremamente masculino (mesmo com as musas, as “neymarzetes” e as mulheres que o Luciano Huck queria “ajudar” a encontrar um bom gringo). Dos países que participaram na Copa, somente 16% são dirigidos por mulheres. Nos finalistas, representam 75%.
Em relação ao futebol, vitória ainda maior teremos quando as mulheres ocuparem mais espaços como comentaristas, juízas, bandeirinhas e quando a Copa Mundial de Futebol Feminino se tornar tão relevante quanto a Copa Mundial “de Futebol Masculino” (que, estranhamente, não precisa ser chamada assim).
Bem vind@s à discussão sobre participação das mulheres na política no Empreendedorismo Rosa!
Nenhum comentário “A Copa do Mundo é nossa!”
Ótima reflexão, parabéns!
Parabéns pela matéria e isto se aplica tambem na area admistrativa quando se trata de ocupar grandes cargos, ainda somos minoria.
No cenario politico somos a maioria dos votos, e precisamos sim mudar esta realidade.
Excelente abordagem! Infelizmente vivemos em uma sociedade que, apesar de se vangloriar de ser civilizada, sofre com a violência simbólica da dominação masculina
Ótimo texto, foi bom relembrar às mulheres um pouco da sua historia que foi ganhando a cada ano um pouco mais da força feminina. Valeu lembrar que nós temos muito ainda que mostrar no cenário politico de nossas cidades e de nosso país. Pensei que tinha sido só eu a notar que na final da copa 3 dos quatro países da final estão sendo comandados por mulheres.. hehehe… Parabéns, você vai longe ainda, desejo muito sucesso a você!!!
Obrigada por ter colocado luz ao que foi tão obscurecido por vaias e xingamentos. Obrigada por me fazer lembrar que, aqui em Ilhéus, só tivemos no legislativo desde 1949, oito mulheres!
Parabéns: Almerinda (1. mulher legislativo); Zenaide Magalhães, Vitória Berbert, Ana Margarida, Célia Lemos, Marlúcia Paixão, Maria de Lourdes e Carmelita Angela. Parabéns Morgana Krieger!
Muito boa Morgana essa reflexão. E quero incluir o quanto as mulheres, mesmo não assumindo o cargo principal participamos das decisões do parceiro que a assume, e o quanto são capazes de influenciar nas suas decisões também. Com o seu lado intuitivo mais intenso. Seu olhar mais sensível.
Otima abordagem Morgana!
E nao e no poder que para a atuacao feminina nesta Copa.
O movimento #CheerForPeace e liderado por mulheres, assim como eu, que buscam a inclusao social e de generos no futebol e megaeventos. Recentemente fizemos uma post no nosso blog sobre como o futuro sera de lideranca feminina. Temos como apoio a Formiga e a Faby da Selecao Brasileira de Futebol Feminino. http://cheerforpeace.wordpress.com/2014/06/22/fanfest-photoreport/
Neste final de semana tambem tive a oportunidade de participar do evento da Discover Football (http://www.discoverfootball.de/en/home/) instituicao que empodera meninas e mulheres a pratica do esporte em todo o mundo.
Esta com certeza foi a Copa das Copas pra mim, e nao vejo a hora de fazer parte das Olimpiadas das Olimpiadas tambem!
Bacana o panorama, Moguinha! As estatísticas parecem ser positivas em relação ao crescimento da presença feminina na política.
Quando vi o cartaz da Copa Feminina no meio do texto, pensei exatamente isso: “Copa Mundial de Futebol Feminino se tornar tão relevante quanto a Copa Mundial ‘de Futebol Masculino”. Vamos nos pintar de verde e amarelo novamente.
Issaê, “potencialmente devagarzinho” a gente vai. Bjoo