Eu gosto muito das palavras. Acho interessante como elas se agrupam para formar frases e a diferença que as vírgulas, pontos e símbolos dão aos seus significados. Mas o que mais me surpreende é como elas influenciam minha vida.
Virei dona de uma empresa da noite para o dia, literalmente. De repente, depois de 20 anos no mundo corporativo, tive de aprender o que seria necessário para que o negócio desse certo ou não quebrasse. O que eu mais ouvi nesse momento, e ainda ouço, é que eu teria que empreender. Faz 2 anos que eu estou aqui, aprendi muito, falta muito ainda, eu sei, mas ainda me pergunto o que é isso de empreender.
Assim como as pessoas, as palavras também são complexas. Ao ler a definição de empreendedorismo e do que é ser empreendedor, eu me senti um peixe fora d’água, eu não me encaixei. Essa constatação chegou a me desmotivar até! Enjoei do tema, da palavra, dos grupos, de tudo. Eu fui fazer o que eu tinha para fazer: administrar uma empresa, ainda que eu não fosse administradora.
Estou escrevendo sobre isso porque, numa reunião com empresárias, ouvi uma delas falar de como se sentia, quando ia responder sobre a sua ocupação. Ela disse que não se sentia empresária, pois tinha como referência, para essa palavra, pessoas como Abílio Diniz e Cristiana Arcangeli, entre outros. Então se autointitulava como administradora de empresa. Outra disse que não se sentia nem como administradora e se designava executiva de negócios. Como eu me sentia, um pouco como elas, vim embora incomodada e pensando nisso…
Cheguei à feliz conclusão: “Dane-se! Isso não tem a menor importância”. Mas e por que, ainda assim, me incomodava? O fato é que nós já temos uma empresa. Ela pode ter sido aberta por nós ou herdada. Doada ou comprada, ela existe. Está lá e é nossa! Não importa se administramos e/ou colocamos a mão na massa, como é o nome do cargo ou se a gente parece não se encaixar .
Cada uma tem uma relação especial com a sua empresa, um motivo para estar lá e é só isso o que realmente importa. Aquilo que te move, aquilo que você realiza. Eu olho para minha empresa e a vejo como um filho? Meu cargo é de mãe. Eu sinto a responsabilidade? Então, sou responsável. Eu a vejo com paixão? Sou apaixonada! Essas palavras, todas elas, de empresária-empreendedora à realizadora-apaixonada não me farão ter mais ou menos sucesso, mas me ajudarão nos dias em que eu estou na OGZ, sem saber o que eu sou ou estou fazendo lá (e esses dias não são poucos). Essa constatação me trouxe uma alegria, uma leveza.
Ter em mente que eu faço o melhor que eu posso, que eu estou buscando aprender, evoluir, fazer a empresa crescer cada vez mais, ainda que, no meu caso, esse sonho não tenha sido sonhado por mim, agora ele é meu! E eu estou muito feliz e novamente motivada com isso!
Yuri Yonashiro é empresária, diretora da empresa OGZ – Off-Road, com experiência na organização, gerenciamento e realização de eventos Off-Road. Especialista em Empreendedorismo pela FGV/Goldman Sachs, através do projeto “10.000 Mulheres Empreendedoras do Mundo”.
Nenhum comentário “A influência das palavras”
Yuri, a grande questão não é quem somos em nossas empresas ou o que representamos diante dos outros e sim o que queremos ser para nossas empresas e onde queremos chegar com elas diante dos outros, o resto é firula… Parabéns pelo artigo e boa sorte na sua empreitada!