Sou a filha mais nova de três irmãos, todas criadas com muito amor, dedicação e paciência. Em mim existe um cantinho que ela habita, para lembrar-me, a todo instante, do seu jeito incondicional de amar.
A cozinha dela sempre foi muito caprichada. Lembro-me como se fosse hoje do seu caderno de receitas escrito com caligrafia perfeita.
Parecia que ela adivinhava… Quando alguma coisa ruim tinha acontecido na escola, e eu chegava jogando a mochila no sofá, sobre a mesa havia aquela comida gostosa, a minha preferida: polenta mole com carne de panela. E hoje é minha filha de quase quatro anos que pede polenta para vovó. Comida que só a minha mãe/vó sabe fazer, com muito amor e que tinha o poder de aquecer o coração.
Eu não sabia, mas as refeições eram uma forma de minha mãe demonstrar amor. Por isso, as dificuldades, magicamente, sumiam. Acredito que a escolha da minha profissão (nutrição) tenha um toque desta magia. Já adulta e formada fui perceber como cereais, carnes e legumes vinham misturados ao afeto.
Com 17 anos saí de casa para estudar, mas quando eu retornava para visitar meus pais, sempre retornava com um potes de comida pronta. Ou um bolo.
Lembro-me dos dias frios da serra gaúcha onde passava a manhã ao redor de minha mãe cozinhando e sempre perguntando “mãe, como se faz isso?”. Também me lembro da pouca gordura, pouco sal, muitos vegetais que aprendi a comer. Da comida saudável, que fez com que eu nunca tenha sido internada em um hospital. Das idas à nossa horta nos fundos de casa, de lá minha mãe colhia seus temperos mágicos, que deixam os pratos saborosos: manjericão, salsinha, cebolinha, alho, cominho, coentro. Até hoje não sei como minha mãe faz a mistura de tudo isso ficar tão gostosa. Mas sei que não há problema que resista. Porque, no fundo, ela sempre adivinha quando eu preciso de um carinho. É minha mãe.
Parabéns a todas as mães pelo seu dia!