Atribui-se historicamente às mulheres uma série de características ligadas ao cuidar, o que nos confinou por séculos ao trabalho no lar. Nos últimos anos, e fruto de longas lutas, as mulheres estão cada vez mais conquistando uma posição de destaque no mundo corporativo e, com extrema rapidez, também no mundo do empreendedorismo.
Convém lembrar que segundo dados da ONU as mulheres, quando geradoras de renda, investem prioritariamente em educação e saúde para a própria família. Este tipo de investimento repercute diretamente na evolução econômica e social do país.
Em reconhecimento e incentivo à contribuição das mulheres na economia diversas ações institucionais têm surgido. Podemos destacar a criação da ONU Mulheres no ano de 2010, com o objetivo de acelerar o progresso nas conquistas das mulheres em todo o mundo. Neste sentido foi lançado, no âmbito da ONU Mulheres, a iniciativa dos “7 Princípios de Empoderamento das Mulheres”, onde empresas se comprometem a reconhecer a força das lideranças femininas e a promover ações práticas de apoio a estas empreendedoras.
No Brasil várias iniciativas têm sido executadas com sucesso. Podemos citar, como exemplo, o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça da Secretaria de Política para Mulheres (SPM), que objetiva estabelecer ações proativas de empoderamento das mulheres e de diminuição da distância entre homens e mulheres no mundo corporativo. Da mesma forma, tem se buscado o aumento no número de mulheres em cargos políticos, ampliando nossa voz junto às instâncias de poder e decisão. Hoje, temos em torno de 10% de mulheres em cargos políticos, enquanto somos 52% da população brasileira.
Diversas barreiras, no entanto, ainda persistem e uma delas é sem dúvida a ausência de creches públicas em número suficiente. Hoje apenas 15% da demanda é atendida. Da mesma forma persiste a sobrecarga de trabalho doméstico das mulheres. Estes fatores muitas vezes dificultam ou mesmo inviabilizam a execução de ações empreendedoras femininas, pelo excesso de atividades que somos levadas a desempenhar.
É extremamente importante termos consciência do momento histórico que estamos vivendo, empreendedoras e futuras empreendedoras, de forma a reconhecer que absolutamente não estamos sozinhas quando buscamos vencer as barreiras na liderança feminina. As empreendedoras estão mudando não somente a própria vida, mas fazendo história.
Elena Martinis é geóloga de formação e possui MBA em Gestão Estratégica (PUC), MBA em Gestão de Pequenas e Médias Empresas (FGV) e MBA em Responsabilidade Social (UFRJ). É também Master em Programação Neurolinguística pelo Inap. Atualmente está cursando Empreendedorismo Feminino da PUC e está em fase de formatação de uma empresa de consultoria especializada em empreendimentos liderados por mulheres. Participou da reportagem “Voz que dá lucro” do caderno Boa Chance/O Globo do dia 12 de maio de 2013.
15 pensamentos em “Empreendedorismo Feminino: a vez das mulheres nos negócios e na sociedade”
Muito bom texto, empreendedorismo se aprende desde de cedo!
Obrigada, Luisa. Ensinar empreendedorismo também é uma arte.
No ambiente familiar, desde muito, a mulher proporciona estabilidade e segurança. Antes com ênfase no psicossocial, e hoje também no financeiro. A matéria de Elena Martinis introduz essa perspectiva, que merece ser desenvolvida. Entre outros temas, gostaria de ler a opinião da autora com respeito, por exemplo, às mulheres aposentadas, que no momento de usufruírem a terceira idade, ainda se mostram base de sustento familiar.
Ricardo, com base no recém lançado estudo do Sebrae “As Mulheres Empreendedoras no Brasil”, constatamos que de 2001 a 2011 a proporção de mulheres empreendedoras com 50 anos ou mais passou de 25% para 31% do total de empreendedoras do país. Este dado é altamente promissor, não somente porque a expectativa de vida no Brasil aumentou mas também porque é na idade madura que a nossa experiência de vida é extremamente útil nos negócios.
Perto de completar 80 anos de vida, sempre acompanhando (e apoiando) de perto a referida evolução feminina até os dias presentes, posso afirmar sem medo de erro que o “mundo é das mulheres”, aliás, com muita justiça. Empreendedorismo é o nome da sua consagração profissional no mundo antes dominado quase exclusivamente por homens.
E os resultados serão sempre melhores na medida em que as barreiras forem superadas.
Elena,
O artigo está incrível! Em poucas palavras, as nossas duas realidades: empreendedorismo e dificuldades com a estrutura para nos apoiar.
Já imaginou quando tivermos um pouco mais de suporte para irmos mais à frente?
Parabéns!
Silvia Brum
O trabalho é sem dúvida uma das riquezas de uma nação. A mulher como parcela significativa de uma população pode e deve contribuir para a riqueza do país. Fico feliz em tomar conhecimento que você esteja engajada em participar ativamente na formatação das atividades das mulheres que irão fazer a diferença na economia do nosso país.
Abraços, muito trabalho e sucesso.
Reis: agradeço em especial seus comentários. Os primeiros passos que dei na área de empreendedorismo junto a micro e pequenas empresas foi trabalhando contigo.
Estudos recentes do Sebrae indicam que as empresas lideradas por mulheres estão se mantendo mais no mercado e que na última década subiu de 48% para 54% a taxa de negócios liderados por mulheres em atividade há mais de cinco anos.
Excelente artigo. Trata o problema de forma direta e sinaliza o caminho para a solução.
Na sociedade pós-moderna ocidental que construímos, mulheres são sobrecarregadas porque delas exigimos excelência em seus múltiplos papeis: profissional, mãe, esposa. etc etc
E elas tem dado conta, mesmo com os dificultadores e com o preconceito que – pasmem! – ainda há.
É gratificante, no entanto, ver que estamos evoluindo e as mulheres vem conquistando, com mérito e tenacidade, espaços como líderes e empreendedoras. Para o alto e avante!
Elena, parabéns, muito bem escrito! Nas próximas eleições presidenciais do Brasil, conforme pesquisas de opinião de jun/13, pode ser que haja segundo turno com duas mulheres concorrendo à presidência!
Elena.
Parabéns! É hora mesmo de empreender. Difícil, contudo, é saber diluir as tarefas domésticas com os homens. Habilidade essa que necessariamente terão de desenvolver se quiserem conquistar os espaços ainda dominados pelos homens. Ou seja, haja paciência, estão apenas no início.
Adorei conhecer esse site…
Olá Elena, muito legal o texto, sou e sempre fui a favor do empreendedorismo. há 18 anos que trabalho por conta e sou muito feliz por isso. Penso que empreendedorismo deveria fazer parte da grade curricular do ensino fundamental, médio e superior, pois se prepara o jovem para o mercado de “emprego”, onde não se consegue uma colocação, ao passo que ensinando o jovem a empreender ele ou ela tem oportunidade de gerar seu sustento além de trabalho e renda passando da condição de empregado a empregador, se for o caso. Parabéns conte comigo.
Ede Maria R Ferrão
Contabilista e Gestora de Cooperativas
Elena,
Meus parabéns pelo seu texto e as excelentes considerações!
Realmente estamos vivendo um momento impar e de grandes/boas mudanças na sociedade mundial e brasileira.
Trabalhar por um mundo que valorize a diversidade e as diferenças humanas enquanto oportunidades é acreditar e fazer um mundo melhor e mais justo.
Movimentos como: Occupy Wall Street, Indignados e a Primavera Árabe, nos mostram que as oportunidade devem vir para todos e todas, e não apenas para 1% dos poderosos que dominam 99% da população mundial.
Obrigado pela trocas de ideias e conhecimentos,
Edson Cunha