Alguns casais nem pensam em abrir um negócio juntos, mas outros, não param de sonhar com essa possibilidade. A cumplicidade, confiança e admiração mútua podem ser bons aliados na abertura de um negócio.
Sonhar não custa nada só que, na prática, a coisa não é tão simples. Precisa ser planejada e muito bem conversada dentro de casa para não se tornar um pesadelo. Por mais bacana que seja a relação, sobreviver a um eventual fracasso exige preparo, assim como ao sucesso, que pode ser um grande inimigo, dependendo do grau de vaidade de uma das partes.
Para o casal se precaver contra esses males, o equilíbrio deve ser perfeito, porque são as mesmas pessoas que exercem seus papéis dentro de casa e nos negócios. O capital emocional pode ser mais valioso do que o próprio dinheiro disponível para a abertura do negócio, e, se você estiver com a relação pessoal no azul, está um passo a frente para lidar com as dificuldades.
Tenha papéis bem definidos
Homem e mulher desempenham vários papéis. A mulher é mãe, esposa, sócia e executiva. O homem é pai, marido, sócio e executivo. É muito comum as pessoas trocarem os papéis, pensar como pai na empresa ou agir como marido no ambiente de negócios, e isso pode deteriorar a relação. Seja qual for a situação, as tarefas devem ser bem divididas para que um não interfira na seara do outro e não haja conflitos entre as responsabilidades de cada um.
Além de áreas de comando bem demarcadas no negócio, o casal também deve fazer um “plano de papéis”, uma espécie de plano de negócios de como cada um exercerá sua função. Uma seleção de ingrediente preventivo que pode evitar que marido e mulher sofram uma espécie de efeito rebote por causa do sucesso financeiro do casal. Se o casal estiver ciente dos seus papéis e responsabilidades, vai ser mais difícil chegar a uma situação em que os negócios vão bem, mas a relação pessoal vai mal. É importante lembrar que comportamentos, crenças e valores tendem a ser diferentes no desempenho desses papéis.
Finanças: separe o pessoal e profissional
O sucesso de um casal que empreende junto depende da habilidade para separar as expectativas e responsabilidades, em casa e nos negócios. Se dedicar a áreas distintas também ajuda a cada um exercer sua função, sem toda hora gerar conflito de opiniões. Como exemplo, um pode cuidar de recursos humanos e do financeiro e o outro da parte operacional e estratégica do negócio.
Ter um planejamento financeiro muito seguro é fundamental, pois se na vida pessoal do casal isso já gerar conflito, imagine nos negócios. Ter uma demarcação – uma reserva para as contas pessoais e outra para o capital de giro – e ter uma reserva para as contas pessoais (já que o dinheiro do lucro da empresa pode não chegar tão rápido) é imprescindível.
É preciso ter em mente que o começo da empresa será de investimento de horas extras e dinheiro, portanto, estar consciente do dinheiro curto para pagar as contas e eventuais emergências, evita muito stress desnecessário.
Outro ponto importante é separar as finanças pessoais das finanças da empresa. O hábito que pode vir de casa, não pode ser levado para a empresa. Contas de pessoa física nunca podem ser misturadas com as da pessoa jurídica, tem que separar e administrar isoladamente. Caso isso não ocorra, pode ser fatal para os negócios.
Essa demarcação é ainda mais fundamental para o casal empreendedor, porque o negócio pode ser sua única fonte de renda e se o empreendimento não engrenar no prazo previsto, pode faltar dinheiro dentro de casa. Ter consciência financeira é tão importante quanto a confiança que um deposita no outro. Grande parte dos casais se sente mais segura sabendo que é o marido ou a mulher quem está cuidando do dinheiro, mas não se pode misturar os desejos do casal com as necessidades do negócio e colocar tudo na mesma conta. Tudo tem seu tempo, até que o investimento comece a dar retorno.
Adriana Noviski é publicitária, morou no Japão quando adolescente e atuou no mundo da moda como produtora. Foi assistente de direção de filmes publicitários, fotografia, estudou artes plásticas, paisagismo. Acabou fixando-se no caminho do marketing promocional e eventos, onde trabalhou por mais de 10 anos, em sua agência, focada em ações e eventos diferenciados. É sócia da Tecnozóide, agência especializada em conteúdo digital e é curadora e proprietária do Canal do Empreendedor.