Feriado de leitura acompanhada de minha amiga Bell (a HOOKS) e vim aqui compartilhar algumas reflexões sobre as provocações dela:
“Recentemente, falando para um público universitário, expressei minha fé no poder de as pessoas brancas falarem contra o racismo, desafiando e pondo fim ao preconceito — declarando de forma enfática que eu definitivamente acredito que todos nós podemos transformar nossa mente e ações. Ressaltei que essa fé não está enraizada num desejo utópico, que eu acredito nisso porque na história de nossa nação muitos indivíduos ofereceram sua vida a serviço da justiça e da liberdade. Questionada por pessoas que diziam que esses indivíduos eram exceção, concordei. Mas então falei da necessidade de transformarmos o nosso pensamento para nos vermos como seres que mudam, ao invés de estarmos entre os que se recusam a fazê-lo. O que tornou esses indivíduos excepcionais não foi eles serem mais inteligentes ou mais bondosos que seus vizinhos, mas sua vontade de viver a verdade de seus valores.”
Neste mês de novembro, que é também o mês da Consciência Negra, vemos campanhas, encontros, lives, premiações trazendo a pauta em questão. E é sim importante olharmos para os que fazem e permanecem na busca da mudança e contarmos estas as mudanças. Mas não somente neste mês.
No mesmo capítulo Bell apresenta outro exemplo, agora a respeito da violência doméstica: “Se você sair de porta em porta pelo país e conversar com os cidadãos a respeito da violência doméstica, quase todo mundo vai insistir que não apoia a violência contra a mulher, a qual acredita ser moral e eticamente errada. Contudo, quando você explica que só acabaremos com a violência contra a mulher ao desafiar o patriarcado, e que isso significa não aceitar mais a ideia de que homens deveriam ter mais direitos e privilégios que as mulheres por causa de diferenças biológicas, ou de que homens deveriam ter poder para dominar as mulheres, as pessoas então param de concordar“.
Na última semana vimos a mídia trazer dois crimes de violência doméstica nas formas física, moral, psicológica e patrimonial, contra as apresentadoras Patrícia Ramos e Ana Hickmann. Mas além delas nos deparamos todos os dias com casos de “Patricias e Anas” espalhadas pelo país.
Portanto minha provocação aqui é olharmos para além dos meses e seus temas alusivos a esta ou aquela data ou bandeira. Mas mantermos os 365 dias do ano, dentro das companhias, corporações e empresas, o tema DIVERSIDADE, EQQUIDADE e INCLUSÃO sendo falado, compartilhado, revisitado, iniciado e gerando mudanças constantes e robustas. Mudanças estas que uma foto apenas não consegue mostrar. Afinal existe uma distância entre os valores que muitos “dizem” defender e sua disposição de fazer o trabalho necessário para conectar pensamento e ação, teoria e prática, para concretizar esses valores e assim criar uma sociedade verdadeiramente mais justa, equalitária e inclusiva.
E como disse ontem a cantora, DEUSA e DIVA, Liniker, oficialmente empossada na cadeira de número 51 da Academia Brasileira de Cultura, lugar esse que era ocupado pela potência feminina Elza Soares: “Estar em pé no Brasil, sendo uma travesti preta, é muito difícil. Ser a primeira vez que uma travesti é empossada na Academia Brasileira de Cultura é muito importante e é fundamental pra cultura do nosso país, que abre esse mapa de diversidade e excelência. Esse empossamento, esse lugar, não pode ser só meu. Esse fato é histórico, mas ele não pode ser passado, o: Seele precisa ser atualizado constantemente”
Sim, Liniker, não é apenas uma data, não é apenas um momento, é uma história que precisamos mudar todos os dias um pouco mais.
Bom feriado!