E a gente começa como o ano por aqui? Falando de FELICIDADE. Afinal, não é isso que buscamos na vida? Ser felizes conosco e com que amamos? Mas não tenho como falar sobre felicidade sem antes olhar para o ano que acabou de findar. Passei 2023 estudando ainda mais o tema, já que trabalho com autoliderança e liderança feminina desde 2012.
Em novembro tive a alegria de ser convidada com meu time de colunistas a participar do VI Congresso Internacional de Felicidade, projeto idealizado por Gustavo Arns, e no final do ano conclui minha formação como Chief Happiness Officer através da facilitação da empresária Renata Rivetti . Estes dois momentos foram determinantes para me ver ainda mais apaixonada pelo tema que intuitivamente já trabalhava com as mulheres em meus treinamentos.
E hoje, dia que inicio meu tempo de pausa chamada de férias, retomei uma obra publicada em 1971, de Clarice Lispector que li quando tinha 16 anos onde o inicio do livro é com o conto que dá nome ao mesmo “ Felicidade Clandestina”. Juntei os momentos de estudo e aprendizagem sobre a felicidade a personagem principal do texto. Uma narradora, uma menina, que adora ler e conhece na escola uma outra menina que tem muitos livros, pois o pai é dono de uma livraria.
Nesta crônica, de cunho autobiográfico, o ponto central é a “felicidade”, que para a menina consiste em ter este livro e poder lê-lo. Ao ter tal oportunidade, a menina procura prolongar o tempo que passa com o livro, em busca de também prolongar sua felicidade, que por ter sido conseguida através de uma grande insistência, e por ter um caráter tão passageiro, parece ser uma felicidade clandestina, alheia, que não lhe pertence.
A crônica revela as humanidades existentes em cada um de nós e a busca de uma felicidade que por vezes desejamos e não efetivamente a temos, pois é o querer sobre o outro ou o que o outro tem. Portanto esta felicidade não é nossa, não é escolhida ou construida, ela é clandestina.
A felicidade é grandeza de reconhecimento íntimo; satisfação incomunicável, mas indisfarçável. Não se dispõe na Constituição. Não se garante pela lei. Justamente porque foge ao padrão, ao regulável e ao alcançável. Porque, muitas vezes, realiza-se na clandestinidade e no livre espaço dos sonhos, como sugere esse belíssimo conto de Clarice Lispector.
Dentro dos espaços de relacionamento, profissionais ou pessoais, podemos olhar a para felicidade como um meio e não um fim em si mesma. Não precisamos idealizar a mesma a partir de uma lupa que se olha para vida do outro. Mas podemos nos inspirar e com isso construirmos a nossa.
Que a felicidade que buscamos possa ser inspirada e não copiada. Que nossa felicidade possa ser inspiradora de forma genuína, assim como ela tem sido construída.
Um 2024 com faíscas de felicidade para você
Lênia Luz