Em novembro, tive a oportunidade de participar do Congresso Internacional de Felicidade, a convite da Lênia Luz. Confesso que aceitei o convite mais por ter algo a fazer no fim de semana do que realmente por interesse, pois tenho um pouco de resistência aos discursos de uma positividade exacerbada. Mesmo com o pé atrás, fui, e que bom que fui, pois a riqueza das discussões feitas em várias perspectivas diferentes que se entrelaçavam trouxe uma reflexão muito profunda e inédita sobre o tema felicidade.
A palavra felicidade vem da mesma raiz da palavra fertilidade, e para mim, ser fértil tem o significado de eternidade, pois um solo fértil é capaz de produzir frutos que gerarão novas sementes, que irão morrer e renascer, dando novos frutos e perpetuando a existência. No entanto, para que um solo seja fértil, é necessário cuidar e preparar a terra, adubando, regando, arando e, principalmente, não plantando sempre o mesmo tipo de sementes, pois a monocultura infertiliza o solo.
Isso me fez pensar em quais são os nutrientes necessários para que o solo do meu coração e da minha mente seja fértil e consiga ser um agente perpetuador da felicidade. Para que eu saiba quais são os nutrientes necessários para o meu tipo de solo, preciso passar pelo processo de autoconhecimento, pois somos seres singulares, e cada um se nutre de forma diferente. Assim, terei mais foco em quais tipos de nutrientes preciso consumir para fertilizar e quais preciso me abster para não contaminar meu solo.
Independentemente de nossas singularidades, existe um nutriente que é a base para todos, que é o amor. Assim como a terra precisa de água, nosso solo pessoal precisa de amor para frutificar felicidade, e aqui cabe todos os tipos de amor, principalmente o amor a si mesmo, como bem disse Rossandro Klinjei: “Não podemos dar ao outro aquilo que não damos a nós mesmos”. Se não tivermos primeiramente o amor por nós mesmos, gerado a partir do autoconhecimento e da autoaceitação de quem somos, com nossas luzes e sombras, não conseguiremos ter nosso solo totalmente nutrido para gerar frutos de felicidade.
A felicidade não é algo pessoal; ela é construída de forma coletiva, através dos nossos afetos, relações e não tem fim em nós mesmos. É vivenciada durante os ciclos da vida, não vem pronta; é preciso muito trabalho. Não é um sentimento, mas sim processos racionais e afetivos que se fundem e geram vida. Ela é geradora de bem-estar e dignidade, não tem a ver com posses, mas sim com pertencimento.
Nós só podemos nos eternizar a partir do outro, pois a nossa vida terrena tem fim, mas as boas sementes de amor e felicidade que plantamos no outro se perpetuam pela eternidade. Que possamos ser agentes transformadores da felicidade!
Por Michele Rosa
Colunista nas pautas Finanças, Negócios Sociais e Amorosidades