Por Sandro Schmitz
Estava me preparando para escrever o novo artigo para o Empreendedorismo Rosa quando veio a público o novo Boletim Focus do Banco Central com uma notícia, mas não novidade, de que a inflação pode vir a ultrapassar o teto da meta em 2014, chegando a atingir patamares de 6.51% ao ano, sendo que o teto da meta é de 6.50%. De imediato chegaram diversos e-mails me questionando o impacto disso em seus investimentos e no seu dia a dia, razão pela qual decidi escrever sobre isso nessa coluna.
Primeiro é necessário entender o que é inflação. Inflação é, antes de mais nada, um fenômeno monetário, ou seja, é a perda de poder de compra da moeda, em outras palavras a depreciação da moeda. Em regra, as pessoas costumam ver a inflação como o aumento de preços, contudo esse é um efeito da inflação, mas não é o fenômeno em si. Quando falamos que o país se encontra em processo inflacionário, isso significa que a moeda está perdendo seu poder de compra.
Vejamos como isso pode ser visualizado. Em 2013, a inflação acumulada do ano foi de 5.91%, medida pelo IPCA/IBGE, índice oficial do Governo, assim sendo, é possível dizer que: se em janeiro de 2013 você comprava algo com R$ 100,00 ao final do ano irá precisar de R$ 105,91 para comprar o mesmo produto, ou, ainda, que os seus R$ 100,00 de janeiro, possuíam em dezembro o poder de compra equivalente a R$ 94,09 em dezembro. Dessa forma, já é possível visualizar como isso atinge seu dia a dia, mas vamos seguir em frente.
A primeira forma que a população é atingida é nas suas compras diárias, tendo em vista que essas costumam ser o campo de maior incidência inflacionária. Recente pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (APAS) fez um mapeamento na variação de preços ao consumidor desde o início do Plano Real e os resultados foram os seguintes: camarão com alta de 1.051,42%, pão francês (562,56%), o tomate (481,11%), a pera (451,41%), o feijão (419,79%), o leite (382,65%), a sardinha (376,51%), o pescado (356,72%), o mamão (337,87%), e o refrigerante (297,65%).
A segunda forma de a população ser atingida é nos seus investimentos, tendo em vista que a inflação em viés de alta atinge diretamente sua rentabilidade. Você decidiu fazer um investimento de R$ 1.000,00 [mil reais] em um fundo de ações pelo período de dois anos, sendo que, no momento do resgate auferiu um rendimento nominal de 30% [trinta por cento], portanto, R$ 1.300,00. Devemos agora apurar seu rendimento real, que é o valor do rendimento menos tributos e inflação do período. Dessa forma, temos:
Dessa forma, o rendimento líquido real irá ser de R$ 223,33. Ou seja, iremos perder 7.7% do valor total do rendimento, tendo em vista que uma parte irá ser consumida pela tributação e a outra parte irá ser consumida pela inflação. Assim sendo, mais do que nunca frente a nova realidade que se descortina, considerando que já há três anos o Banco Central não vem conseguindo controlar a inflação, se torna de vital importância um maior controle financeiro por parte das pessoas, já que estamos frente a uma realidade inflacionária no país onde ainda não sabemos as perspectivas futuras.