Por Mahitê Lima
Eu sou suspeita, mas estamos falando de exemplos, e nesse caso, somos sempre suspeitos, não somos? Neste, que é o mês da mulher, resolvi falar sobre ela, afinal, é o mês dela. É o mês em que ela comemora aniversário. É o ano em que ela comemora os 22 anos dedicados ao seu empreendedorismo rosa, e só ela sabe como ela merece os parabéns por todo esse caminho percorrido.
Existiu uma geração de mulheres, uma geração anterior a nossa, que lutou muito por igualdade entre os sexos. Que lutou pela possibilidade de trabalhar e de se realizar profissionalmente. Mulheres que lutaram para ter o direito de opinar, de terem seus desejos atendidos, de serem respeitadas por seus pensamentos, ideais e dons. Mulheres que queriam se realizar não só dentro de suas casas, mas também fora delas, se tornando independentes, mesmo que inseridas em uma família, junto aos seus pais, maridos e filhos. Mas eu não sou a pessoa que sou graças a essas mulheres. É tudo graças a minha mãe e é sobre ela que quero falar.
Uma mulher que recebeu uma educação ainda antiquada: foi a única das três filhas a chegar ao ensino médio e a tentar uma faculdade. Sonhos interrompidos por uma sociedade e uma família que ainda pregava o “casar e ter filhos”. Uma alma de artista que, com 18 anos de casada e uma juventude inteira dedicada aos filhos e ao lar, se viu ainda jovem, insatisfeita em um casamento acabado, com energia para ser “o lar” e o sustento de sua casa. E assim começava o açougue que depois virou casa de massas. O tal empreendimento que tinha que ser sustento para suas filhas. Minha mãe era o resultado de uma conquista feminina. O poder de ser independente era, finalmente, realidade. Mas será que ela sabia o que fazer com isso? Como ser mãe, dona de casa, empreendedora e mulher ao mesmo tempo? Como dar conta de tudo?
Pois é, ninguém a ensinou como fazer isso. Provavelmente nem as feministas que lutaram tanto por essa conquista sabiam como fazer. Mas minha mãe teve coragem o bastante para aprender com a vida. E a vida é aquele professor que a gente costuma chamar de “mal-amado”. Ela aprendeu da forma mais dura que arriscar pode custar muito caro, mas que ninguém vai muito longe se ficar na zona de conforto. Que uma empresa também é um filho, mas que, como irmãos, sua empresa e seu filho têm que dividir a sua atenção. Aprendeu que o tempo em que não pode estar com seus filhos fez deles seres mais fortes e independentes, mas que o tempo que não guardou para si mesma lhe fará falta para sempre. Que o comércio é oscilante, que em alguns momentos você pode estar muito bem, mas logo mais você pode não estar, e que nos períodos ruins, somente a calma lhe trará a melhor solução. Que nervosismo só traz rugas. Que mau-humor espanta clientes. Que você conhece muito bem o seu cansaço, mas provavelmente nunca chegará ao seu limite.
Minha mãe aprendeu com a vida. E eu? Como sei de tudo isso? Porque eu tenho o privilégio de ter aprendido e continuar aprendendo com ela.
Ela não é a melhor, não acertou 100% do tempo, já anda meio cansada, buscando um futuro diferente, uma nova coisa pra aprender. Fez curso de turismo. Merece mesmo ser guia, e conhecer esse mundão aí fora. Mas os ensinamentos dessa mulher empreendedora, que relatei acima, serão sempre meu exemplo maior. Parabéns especial a ela. E parabéns a todas nós, que estamos ensinando as próximas gerações como ser exatamente aquilo que se quer ser.