Negócios sociais, inclusivos, de impacto… Por acaso você já ouviu falar em algum deles? Conhece algum? Negócios sociais são organizações cuja principal atividade se destina a resolver algum problema social usando um modelo de mercado (ainda que sejam registradas como associações – ou seja, organizações sem fins lucrativos).
Os negócios sociais surgiram na década de 1970, em Bangladesh, a partir da experiência de um professor universitário de economia, que resolveu estudar a comunidade onde se inseria a Faculdade onde lecionava para entender como essa era afetada pela crise que assolava o país. Muhammad Yunus descobriu que o problema de muitos era a disponibilidade de crédito apenas a juros muito altos, o que os colocava em uma permanente situação de endividamento e falta de capital de giro. Com uma pequena ação, Muhammed Yunus começou a resolver o problema daquelas pessoas, investindo seu próprio dinheiro para tal.
Com esta ação, surgiu o primeiro banco de microcrédito do mundo tornando acessível, a milhares de famílias, pequenas quantidades de dinheiro a juros muito baixos. Com peculiaridades como a oferta de crédito predominante para mulheres e grupos e o fato de que quem tomava o crédito se tornava mutuária do banco, o Grameen Bank quebrou paradigmas, revelando uma baixíssima taxa de inadimplência, estimulando as poupanças, e alimentando uma nova geração em Bangladesh. Os filhos das mutuárias do Grameen cresceram com oportunidades diferentes das de suas mães: puderam estudar, se formar e quando iam em busca de um emprego, Yunus lhes lembrava que eles eram filhos de sócias de um banco, ou seja, tinham acesso ao crédito. Então por que não abrir o próprio negócio, destinado a resolver outros problemas sociais? Através do Grameen, Yunus já criou diversos negócios voltados à resolução de problemas estratégicos para o bem estar da população, como o acesso à água e às telecomunicações, nutrição infantil e saúde. Hoje o Yunus Social Business atua ajudando a criar novos negócios sociais espalhados pelo mundo, incubando e/ou financiando alguns negócios.
No mundo, outras organizações também são essenciais para alimentar e fortalecer o ecossistema de negócios desse setor: Ashoka, Avina, NEsST e Skoll Foundation. No Brasil, organizações como Artemísia fomentam a aceleração e formação no campo dos negócios sociais, a Sitawi realiza empréstimos sociais, enquanto Banco Pérola e Banco Palmas se destacam como bancos de microcrédito, ao mesmo tempo em que se configuram como casos de negócios sociais por aqui.
E você, conhece algum negócio social? Para reconhecer empreendedores de impacto não é assim tão complicado. Em primeiro lugar, são pessoas que acreditam, sem a menor dúvida, em seus sonhos. E seus sonhos passam por transformar o aqui e o agora, transformar a sociedade de uma forma nova, que muita gente nem vislumbra ainda. São sonhadores do coletivo, realizadores de uma sociedade diferente. Obviamente, entre eles estão várias e várias mulheres causando impactos positivos na sociedade por meio de sua ação empreendedora. E é esse assunto que vamos trazer nessa nova coluna, aqui no Empreendedorismo Rosa. Como podemos mudar o mundo por meio do empreendedorismo social? Compartilhe com a gente os casos das empreendedoras de impacto que você conhece e vamos fortalecer essa rede!
Natália Menhem é co-fundadora e diretora da empresa Sustenta Projetos, criada para fortalecer o mercado de geração de impactos socioeconômicos positivos, por meio de estudos, mapeamento, relacionamento e fortalecimento institucional. Cientista social formada pela UFMG, foi examinadora do Prêmio Mineiro de Gestão Ambiental em 2011, mesmo ano em que assumiu a diretoria do Instituto Artivisão, fez o curso Usina de Ideias, na Artemisia e saiu do emprego para abrir seu próprio negócio. Em 2012, foi selecionada pelo Projeto Dignidade, da Fundação Dom Cabral, para receber capacitação em negócios como empreendedora inclusiva. É co-organizadora do TEDxBeloHorizonte.