Viajar é uma coisa constante na minha vida. Faz muito tempo que vivo de lá pra cá e de cá pra lá e, de vez em sempre, com intervalos muito curtos para ficar em casa por um período mais longo. Exceto nas férias, pois por incrível que pareça, eu me recuso a fazer viagens longas, só aquelas curtinhas rápidas para curtir a família. Com tantas viagens que variam de objetivos, eu acabo convivendo com todo perfil de viajante que se possa imaginar e tenho notado uma coisa que muito tem me assustado e preocupado: a necessidade exagerada de estar conectado.
Hoje não vemos mais as pessoas curtindo suas viagens e os momentos únicos que poderiam aproveitar por conta da “necessidade” de estar o tempo todo postando, compartilhando, exibindo e dizendo para os outros full time o que estão fazendo. Assim, deixam de lado momentos únicos que não voltam mais para serem vividos, caso tenham perdido algo, enquanto estavam compartilhando na rede social, aquilo que só acontecia naquele momento. Já vi muita gente perdendo um pôr do sol excepcional só porque preferiu fotografar e compartilhar correndo, na hora, imediatamente, aquele show da natureza que não vai mais voltar por ser exatamente isso, único. E aquelas pessoas que ao chegar em qualquer lugar ficam desesperadas por um sinal wi-fi ou procurando uma boa condição de conexão de sua operadora de celular? Já repararam como parecem apavoradas com a possibilidade de não conseguir? É assustador constatar isso. Tem gente que chega ao extremo de ignorar totalmente o profissional, que está dando explicações sobre um determinado ponto turístico ou local, para ficar escrevendo nas redes sociais aquilo que está acontecendo em tempo real e depois fica perguntando tudo de novo já que não estava atento no momento da explicação. Tem também aqueles sem noção que ficam fotografando exageradamente e pedindo para as outras pessoas tirarem fotos deles meticulosamente, e assim atrapalhando, incomodando as pessoas que estão interessadas em prestar atenção ao que está sendo explicado ou informado. A regrinha aqui é básica, super simples: pode sim pedir à pessoa ao lado para tirar uma foto sua e só, sem ficar fazendo trezentas poses e analisando o resultado de cada uma.
Viajar (a lazer) é poder sair daquele momento que nos sufoca, que nos remete ao trabalho, às reuniões estressantes, às obrigações e ao imediatismo. Portanto, é necessário reduzir o ritmo, abrir a mente ao novo, ao desconhecido, se deliciar com experiências únicas e se entregar ao ócio sem medo ou culpa. Fotografar aquilo que for possível e não ficar reclamando ou lamentando pelo que não é possível, afinal, quer coisa melhor que as suas lembranças que ficarão na memória? E quer uma dica muito valiosa que você um dia vai concordar comigo, mais cedo ou mais tarde? Deixe de lado seu smartphone por um período maior durante sua viagem e vá curtir, se entregar e se deliciar naqueles momentos que certamente não voltarão para uma retrospectiva enquanto você mergulhava nos seus compartilhamentos irracionais.
Naira Amorelli é Profissional na área de Turismo, Marketing e Mídias Sociais, graduada em Gestão e Planejamento de Turismo e Agências de Viagens. É Gestora, Consultora, Agente de Viagens formada, Guia de Turismo, credenciada pelo Ministério do Turismo (MTUR), e já atua na área de Turismo (em diversos setores) há mais de 15 anos. Dentro de sua trajetória profissional, também estão incluídas experiências como radialista e produtora de eventos turísticos. Já viveu grandes experiências como Guia de Turismo viajando por terras mais remotas no Brasil. Atualmente, além de produzir as matérias é responsável pelas áreas de Marketing e Novas Mídias do site Embarque na Viagem. Viajante profissional por paixão e por profissão, vive viajando pelo “mundão” que é uma de suas vocações.