O Inverno da Nossa Desconexão trata-se de uma narrativa bem humorada de uma mãe de três adolescentes que resolve fazer um “experimento”. Ela propôs seis meses de total desconexão das mídias a fim de avaliar os efeitos da dependência tecnológica na sua vida e de seus filhos. Com isto, buscou entender como os nativos digitais (geração nascida e criada completamente conectada) e imigrantes digitais (nascidos antes de 1980) lidam com a tecnologia e como elas influenciam suas vidas.
Não há como não se identificar com essa mãe, suas angústias e questionamentos, tendo em vista que também sou uma imigrante digital. Li na escrita dela as preocupações, medos e fantasmas que desenvolvemos quando vemos nossos filhos conectados, a maior parte do dia, nos seus aparatos tecnológicos, ao mesmo tempo em que se desligam daquilo que consideramos relações tradicionais e presenciais, vivenciadas em família, entre grupos sociais e profissionais.
Susan é uma mãe nativa de New York, vive há 20 anos em Perth (Austrália) e utilizou muito das facilidades tecnológicas para trabalhar, como jornalista. e se sentir próxima das suas raízes. Ela sente também, na pele, os efeitos da abstinência tecnológica, mas mantém-se firme no propósito de encontrar bons motivos para vivenciar essa difícil privação.
Todo o relato é recheado de pesquisas científicas e de divertidas observações sobre adolescentes, seus hábitos e nossas formas de lidar com a vida moderna. É impossível, à medida que lemos, não tentar imaginar como seria o “experimento “aplicado, em nossa casa, com nossos filhos. Com certeza, Susan precisou de muito poder de convencimento, mas, acima de tudo, encontrou nos filhos a parceria para essa aventura de alguns sacrifícios e muitas redescobertas.
Vânia Vidal de Oliva