Quando iniciamos uma jornada empreendedora, geralmente a emoção é mais forte do que a razão. Se essa jornada é feita sem um bom planejamento, no decorrer do processo falhamos e não percebemos que essa falta de planejamento é o pior erro que cometemos.
Fonte da imagem: arquivo pessoal da autora
Sou arquiteta e designer de interiores, iniciei minha jornada em 2002, rompendo um processo familiar, cortando o cordão umbilical e saindo de um negócio de família para montar meu próprio negócio.
Inaugurei minha primeira loja em um bairro nobre da zona norte de São Paulo, sem planejamento ou experiência no ramo, com altos custos, onde o maior objetivo era impressionar a família e mostrar que eu era capaz.
Foram dois anos de aprendizado e muitas dificuldades. Após esse período, a loja foi fechada, reabri em outro ponto, com custos mais baixos, e consegui através de muita dedicação e trabalho, alcançar um certo crescimento. Quando então parti para o outro erro, mudei para um espaço grandioso e novamente sem planejamento, investi tudo que tinha economizado na reforma da loja, de móveis e outra de presentes. Sem conhecimento do local, planejamento e ainda com pouca experiência, novamente passei por mais dois anos de dificuldades, com a diferença de que a essa altura meu nome já era conhecido através do meu trabalho.
Apesar de tudo, não conseguia desistir do meu sonho empreendedor. Fui ao SEBRAE e fiz alguns cursos, mas acabei não fazendo o planejamento. Fechei mais esse ponto e fui para outro bairro tentar novamente, cometendo os mesmos erros, porque o ponto era mais caro do que esse que acabara de fechar. Nem preciso dizer quanto tempo durou, foi de todas a pior fase, porque eu sabia onde tinha errado. O pior foi mandar embora funcionários que estavam comigo desde o princípio, que acreditavam e confiavam em mim, além de ter que vender bens para liquidar as dívidas.
Nesse momento difícil pensei em desistir, mas uma força maior me dizia para começar de novo, sem orgulho ou soberba, sem querer provar nada para ninguém, fazer somente o que eu sabia e amava, que era projetar, reformar, decorar e ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos. Para isso não precisava de ponto ou loja, nem de muitos funcionários, bastava um bom planejamento e um pequeno escritório.
Em 2011 fiz inscrição para o programa 10.000 Mulheres da FGV e fui aprovada. Consegui descobrir onde estavam minhas falhas administrativas e me formei com um plano de crescimento em mãos, que agora começo a implementar no escritório .
Meu conselho para as mulheres que estão começando a empreender é iniciar com um bom plano de negócios, analisando os riscos, pesquisando e conhecendo a concorrência, além de fazer um planejamento de marketing e estratégia, com conhecimentos de administração. Se eu tivesse adquirido esse conhecimento anos atrás, não teria errado tanto e provavelmente teria ainda minha loja.
Ser empreendedor é mais que assumir riscos, é ter a responsabilidade de ser líder, é saber que existem pessoas que dependem de você e que esperam que você as ensine e as direcione, é ser o primeiro a chegar e o último a sair. E principalmente é reconhecer os erros, aprender com eles e persistir com a certeza de que as dificuldades serão frequentes, mas que enfrentá-las fará toda diferença no caminho do sucesso.
Tem um poema que traduz muito tudo o que passei e compartilho com vocês:
Autobiografia em cinco capítulos
Por Nyoshul Khenpo
1. Ando pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio…
Estou perdido… Sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.
2. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.
3. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Vejo que ele ali está.
Ainda assim caio… É um hábito.
Meus olhos se abrem.
Sei onde estou.
É minha culpa.
Saio imediatamente.
4. Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Dou a volta.
5. Ando por outra rua.
Mônica Raposo é formada em Arquitetura e Urbanismo pela UNG, em Ed. Artística pela Faculdade Belas Artes. Pós-graduada em Gestão Empresarial na UNIP e selecionada no Programa 10.000 mulheres empresárias pela FGV/Grupo Goldman Sachs. Empresária com escritório próprio desde 2000, já realizou vários projetos residenciais e comerciais, participa constantemente de congressos e cursos de especialização na área de interiores, principais mostras de decoração e da Feira Internacional de Milão. Proprietária da Mônica Raposo Arquitetura e Interiores, atuando com projetos, reformas e administração de obras residenciais e Mônica Raposo Arquitetura para clínicas e consultórios focado nesse nicho com projetos temáticos e sensoriais, reformas, e manutenções.
2 pensamentos em “Persistir sim, desistir nunca.”
Fantástico o post!!!!
É exatamente esse o caminho que devemos seguir!
Adorei o post! É um incentivo p/ quem ás vezes pensa em desisitir. Estou fazendo algumas mudanças no meu trabalho (artesanato) pra ter mais clientes e ter mais lucro, acima de tudo ter mais satisfação e identificação com o q faço. Obrigada pelo post. bjk