Por Mayra Corrêa e Castro
Lygia Fagundes Telles foi indicada pela União Brasileira de Escritores para o Nobel de Literatura de 2016. Embora qualquer informação sobre nomeados e nomeadores esteja restrita até que se passem 50 anos após a premiação, eles enviaram um press release à imprensa e agora estamos todos torcendo para que ela seja finalista. Na história desta premiação, entre 114 ganhadores, 14 são mulheres, 5 delas vencedoras no século XXI. No entanto, se Lygia ganhasse, seria a primeira brasileira.
Paulistana, nascida em 1923, formada em Direito e em Educação Física, Lygia pertence à Academia Brasileira de Letras e já ganhou diversos prêmios literários, entre eles o Jabuti e o Camões. Sua obra é traduzida em pelo menos nove línguas e se tornou conhecida com os livros Ciranda de Pedra, As Meninas, As Horas Nuas e a Estrutura da Bolha de Sabão. Também escreveu para o cinema e foi presidente da Cinemateca Brasileira em São Paulo.
O mercado editorial no nosso país é pequeno em comparação aos mais pungentes. Mas existe. Em 2015, no ranking geral dos 20 livros mais vendidos no país, 10 são de mulheres: elas venderam 2,236 milhões de exemplares. No ranking específico de literatura de ficção, quase 600 mil exemplares foram vendidos por 11 autoras. Elas não apenas formam a maioria, como as primeiras colocadas superam, em milhares de exemplares, os primeiros homens. No ranking de ebooks da Amazon.com.br, a liderança de vendas também é nossa.
Se Lygia chegar entre os cinco finalistas, não apenas será lindo, como justo: precisamos de um grande feito para dar visibilidade à produção literária feminina frente a um mercado que adora ganhar dinheiro com autoras, mas não costuma prestigiá-las.
Se Lygia ganhar, não apenas será lindo, como justo: uma grande autora, com obra rica e consistente. Não quero responder se ela precisaria de um Nobel para legitimar sua carreira. Mas que legitimaria a de escritoras brasileiras, sim, legitimaria.