Especialista da FGV analisa os fatores que levam as mulheres a ter seu próprio negócio
O empreendedorismo feminino no mundo todo está crescendo a uma taxa de mais de 10% ao ano, segundo o estudo Women Entrepreneur Cities Index (WE-Cities). Aqui no Brasil, as mulheres também estão cada vez mais interessadas em começar um negócio próprio.
De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2016, realizada pelo Sebrae, a taxa de empreendedorismo feminino entre os novos empreendedores – aqueles que possuem um negócio com até 3,5 anos – é de 15,4%, frente a masculina, que é de 12,6%. Nos últimos 14 anos, o número de empresárias subiu 34%, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
E quais razões motivam as mulheres a buscarem seu próprio empreendimento, ao invés de buscarem ou se manterem em um trabalho com registro em carteira?
“Existem alguns fatos que justificam tal decisão como, por exemplo, à resistência dos empregadores em contratar mulheres, principalmente, as que são mães ou as que podem se tornar mães a qualquer momento; a necessidade maior das mulheres, em função de suas múltiplas atividades, de possuir flexibilidade de horário” explica Viviane Narducci, professora da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista em gestão estratégica de pessoas.
Segundo pesquisas recentes, de fato, as mulheres abrem uma empresa mais por necessidade do que os homens. Entre os novos empresários, 48% delas o fazem porque precisam, já entre os homens esse número cai para 37%. “Afinal, não podemos esquecer que o empreendedorismo feminino, muitas vezes, vem ao encontro da iminente necessidade de complementar a renda da casa e, em alguns casos, a manter integralmente” analisa.
A renda obtida pelas mulheres tem ganhado cada vez mais importância no orçamento familiar. Isso porque quatro em cada dez lares brasileiros são chefiados por mulheres, conforme dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicíios (PNAD). Dessas, 41% são donas de negócios próprios. A estimativa do Sebrae é de o que o faturamento de 75% das empreendedoras chegue a R$ 24 mil por ano. Elas já ocupam 43,2% dos cargos de gerência nessas micro e pequenas empresas.
“É fato que mesmo quando a mulher encontra a empresa que não resiste à contratação feminina, ela ainda se depara com a dificuldade de conciliar seus diversos papéis. Muitas não possuem com quem deixar os filhos e não possui condições econômicas que viabilize o pagamento de uma creche. Com o empreendedorismo, muitas vezes, esta mulher trabalha em casa e pode ter a tão sonhada flexibilidade de horário” afirma Viviane Narducci.
Estima-se que no Brasil, três em cada 10 empresas sejam lideradas por mulheres. Isso se deve a fatores como a reestruturação familiar e ao avanço dos níveis de educação. Essas mulheres investem no trabalho em busca da independência financeira e, claro, de crescimento profissional e pessoal. Elas também investem mais em capacitação: grande parte das empresárias tem níveis de escolaridade superior à média masculina.
“A mulher comprovadamente possui maior capacidade de multiprocessamento, adaptabilidade, empatia e persistência. E estes são fatores fundamentais quando se pensa em empreender”, conclui a PhD em Administração de Empresas e professora da FGV, Viviane Narducci.
*texto do Segs.com.br