Por Sandro Schmitz
Existe uma série de crenças arraigadas em nosso país e mundo que termina por consolidar hábitos e formas de pensar extremamente nocivas à saúde financeira das pessoas e é sobre esses provérbios e crenças populares que irei tratar no artigo desse mês. O primeiro e mais famoso de todos é o “Dinheiro não traz felicidade”. Nós, da área financeira, até criamos a resposta mais adequada a ele, “Com certeza não traz felicidade, mas paga o frete”. Só que, brincadeiras à parte, existem poucas frases mais mentirosas que essa, pois se é um fato que dinheiro não traz felicidade em todos os seus aspectos, é um poderoso instrumento para garantir o afastamento/adiamento de tristezas. Explico: experimente ficar doente e não ter dinheiro para seu tratamento? Ou mesmo ajudar algum amigo(a) em alguma necessidade? Óbvio que qualquer pessoa sensata não irá colocar no dinheiro seu objeto de felicidades objetivas e subjetivas em sua totalidade, logo ele não traz felicidade, mas é um poderoso auxiliar para tal. O segundo beira a chacota: “Dinheiro é a raiz de todos os males”.
O movimento da moda no país se reflete nesse terceiro provérbio: “Pobre não é quem tem pouco, mas quem quer muito”. Estamos em uma fase onde estamos vendo o fenômeno da glamouralização da pobreza, onde é bonito ser pobre. Tom Jobim já disse uma vez que o Brasil é o único país do mundo onde é crime ser bem-sucedido. Qual o problema de você querer bastante? Ser o melhor, e, por que não, o maior em seu setor? Precisamos nos condenar à mediocridade eterna? Perdão, mas somos maiores que isso, muito maiores. Nada limita mais o ser humano que sua crença na própria mediocridade. Esse tipo de provérbio colabora muito para isso.
Outro provérbio tolo e preconceituoso ligado ao fenômeno anterior: “Prefiro ser pobre e ser honesto”. Partir da premissa de que quem tem dinheiro é desonesto é tão preconceituoso quanto afirmar que pobres sejam criminosos. Nosso país tem uma tendência a criar rótulos para pessoas de forma direta sem pensar, quando glamouriza, cria a pobreza virtuosa, como nesse provérbio, em sentido oposto, tem uma tendência de criminalizar a pobreza. Ambas as posturas estão erradas. Quando fala da pessoa que tem dinheiro, é sempre de forma negativa, o que denota uma postura extremamente invejosa e incapaz por parte de quem fala isso.
Um provérbio financeiro errado em todos aspectos é esse: “Se você tem de perguntar quanto custa, é porque não pode pagar”. Qualquer pessoa da área financeira irá sempre recomendar que antes de qualquer compra, primeiro deve-se pesquisar bastante o produto, e, após, partir para a negociação, assim como, se possível, sempre faça a compra à vista. Apenas tolos na área financeira compram sem perguntar e não avaliam os custos inerentes à sua aquisição.
E, agora, um dos mais enraizados na mentalidade das pessoas, mas nem sempre correto: “Quem casa quer casa”. Será mesmo útil isso? Esse conselho aplicado de forma genérica a qualquer jovem casal pode ser terrível, pois irá gerar um custo fixo relativamente alto, imobilizar capital, descapitalizar o casal, e, ainda, gerar problemas futuros para eles.
Assim sendo, provérbios financeiros se constituem em uma perigosa armadilha para o potencial investidor, então, sempre que possível, evite-os.
Grande abraço!
Nenhum comentário “Saúde financeira empreendedora”
Concordo plenamente!