Por Fernanda Castelhano
Porque decidi fazer política
Não, eu não me refiro à politicagem, à politicalha – especialmente a partidária – esta dos Cunhas, Aécios, Lulas, Collors e outros inúmeros escândalos. Falo de política na vida cotidiana para além da definição grega. A política é viver em sociedade, é participar das decisões do coletivo, é decidir o que você quer para sua rua, bairro, cidade. Eu falo da política que acontece nas escolas, nas associações de moradores, nos movimentos sociais, nas manifestações, na escolha de qual produto você compra, não somente a exercida no ato do voto. Carla Mayumi conta aqui que é possível sim fazer política sem ser político: http://papodehomem.com.br/da-pra-fazer-politica-sem-ser-politico
Se você não fizer nada, nada vai mudar
Todas nós queremos um país mais justo, uma sociedade melhor, uma cidade melhor, para nossos filhos e família, para empreender sem tantas barreiras e dificuldades, mas o quanto estamos dispostas a abrir mão de interesses individuais em prol dos interesses da sociedade como um todo? Temos, é claro, o desafio enorme das múltiplas jornadas como mulher. Mas eu sentia um incômodo, uma indignação que não passavam. E foi aí que o meu lado empreendedora foi desafiado. Nós mulheres temos muitas qualidades que são exercitadas no cotidiano como empreendedoras. Somos criativas e determinadas, temos jogo de cintura, temos empatia e inteligência emocional. Todos estes talentos são riquíssimos e muito necessários para exercer nosso papel de cidadãs.
Como eu fui parar nisso e o que já experenciei
Tive a oportunidade de trabalhar num projeto com participação cidadã na revisão do Plano Diretor de Curitiba. Fiz diversas descobertas, tais como: qualquer pessoa pode solicitar uma reunião com qualquer vereador na Câmara; as pessoas têm muitos sonhos para a cidade e são bem críticas, mas quando questionadas sobre o que poderiam fazer para mudar este cenário elas se negam a participar, mesmo que seja um pouco (esta é a falta do que se chama de senso de pertencimento. Então recebi o convite para participar de um movimento social, um grupo de amigos que cansou da baderna na política e que além de estudar faz ações práticas pela cidadania e participação popular, a Primavera Cidadã [Reportagem da Gazeta do Povo sobre a Primavera Cidadã, com o título: Levante-se, há um líder dentro de você https://goo.gl/Joh7Sn]
Participando da Primavera tenho presenciado o fazer a muitas mãos, com diálogo, através de consenso, e com atuação bem significativos de mulheres, algumas delas empreendedoras. Junto com três comunidades na periferia fizemos hortas comunitárias, engajando a comunidade local. Também fiscalizamos as sessões da Câmara de Vereadores, fazendo uma cobertura extra-oficial sobre as votações e postura dos governantes. Vamos a escolas auxiliar a equipe pedagógica e estudantes a estruturar grêmios estudantis. Todas estas ações visando empoderar as pessoas, gerar autonomia, senso de pertencimento e despertar a cidadania. Queremos chegar onde e a quem somos necessários.
Faça, mesmo que seja pouco, pois os resultados virão
Parto do pressuposto de que vários poucos tornam-se muito. Lembram da parábola do beija-flor e o incêndio na floresta? Pois então, a ideia é esta, fazer algo. Eu me nego a assistir de camarote toda essa situação atual do nosso país. Se abster é em certa medida, concordar com o que está ocorrendo. Hoje novas formas de circulação da informação, através da internet e redes sociais, além de múltiplas ferramentas nos dão muitas possibilidades de atuação e participação.
E o que você, mulher, empreendedora, mãe e cidadã tem a ver com isso? Tudo! Como disse também Gandhi: “Seja você a mudança que quer ver no mundo”.
Sejamos esta mudança hoje!