Criei a Tuty em 2009, e trabalhei com bolsas e acessórios em tecido por dois anos. No começo de 2011 comecei a fazer papelarias personalizadas para festas e o negócio deslanchou. Trabalhava sozinha em um quarto do meu apartamento, dividindo o espaço com duas máquinas de costura e um monte de acessórios do então ateliê. Em alguns meses chamei minha prima para me ajudar, pois não estava dando conta de responder emails, gerenciar loja e ainda montar as festas. Após 6 meses de iniciado o trabalho com festas, contratei a segunda funcionária, e trabalhávamos todas no meu apartamento. Era apertado sim, mas super confortável, além do que eu comia almoço fresquinho todos os dias.
Em junho de 2011 me inscrevi para participar do Programa 10.000 Mulheres oferecido pela FGV-SP e patrocinado pelo Goldman Sachs. Passei no processo seletivo e lá fui eu fazer parte da turma 5. Cheguei lá sem muita expectativa, achando que meu negócio era pequeno demais para ser beneficiado por um programa tão grandioso. Na apresentação das outras 31 alunas da turma ouvi sobre a experiência de empresárias de mais de 20 anos de empresa, que herdaram negócios da família, que tinham fábricas com mais de 50 funcionários, com grandes lojas, mulheres experientes. De início me senti um peixe fora d’água, mas com o tempo fui percebendo que cada uma ali também via seu negócio da mesma maneira como eu via o meu: pequeno e com um enorme potencial. Descobrimos muitas afinidades, nos tornamos grandes amigas e de repente me vi totalmente aberta a aprender e a crescer.
A verdade é que quando cheguei lá tinha um discurso pronto na ponta da língua: não quero crescer. Para mim o tamanho que a Tuty tinha era perfeito. Eu podia trabalhar de casa, ter tudo sob minhas asas, dentro do meu controle, e assim queria manter. Mas não precisei de mais do que três semanas de aula para mudar esse conceito. E vou contar para vocês como ele mudou:
– Crescer é preciso
Logo nas primeiras aulas um dos professores foi conversar comigo de canto, perguntou como o negócio funcionava, e lá fui eu com todo o meu discurso de que “quero continuar sendo uma empresa pequenina e feliz”. E ele me disse: se você não quer crescer, tudo bem. Mas algum concorrente seu vai querer, vai chegar e vai te atropelar. Ou você conquista esse espaço, ou prepare-se para perder. Refleti muito sobre isso, e passei a analisar a concorrência de forma diferente. Foi então que percebi que o que ele dizia era a mais pura verdade. Sempre haverá alguém querendo um espaço que você está deixando aberto. Buscar a sua diferença é extremamente importante, mas o próximo vem e copia com uma facilidade incrível. Por isso temos sempre que buscar novos espaços no mercado, e para isso acontecer o crescimento da empresa é imprescindível.
– Crescer é inevitável
Quando as aulas começaram eu passava todas as sextas e sábados na escola, e longe da Tuty. Os emails se acumulavam mais, tive que delegar mais, e muitas vezes acabei dando folga para as meninas na sexta-feira porque não conseguia me organizar para deixar trabalho para elas. Isso começou a me mostrar que eu não deixava a empresa caminhar sem mim, que não éramos grandes o suficiente para cada uma ter sua atividade independentemente da minha presença. Nesse período perdi muitas vendas, deixei de fazer muitos negócios, a Tuty faturou muito menos e percebi que teria que investir tanto em automatização de alguns processos quanto na minha capacidade de delegar para atender à demanda. E a demanda aumentou, e a empresa teve que crescer.
– Crescer é bom
E essa foi a conclusão mais importante e gostosa a qual pude chegar. Sempre achei que deixar a empresa crescer me faria perder o controle, faria de mim uma empresária louca, sem hora para começar ou parar, sem vida social, sem saúde, sem nada. E foram as experiências compartilhadas pelas amigas da turma 5 do curso da FGV que me fizeram ver o contrário. Ali eu vi mulheres bem sucedidas, com empresas grandes, médias e pequenas, mães, esposas, filhas, que viajavam, saiam, viviam, e tinham a empresa sobre controle, crescendo e amadurecendo. Planejei, considerei e decidi que a Tuty iria crescer. Foi então que alugamos um escritório, mobiliamos e equipamos, contratei uma contabilidade, migrei de MEI para ME, contratei mais funcionários, profissionalizei a maior parte dos processos e vim aqui para escrever para vocês.
Nesse período aprendi muito sobre estratégia, finanças, liderança, e muitos outros temas que venho amadurecendo a cada dia. A Tuty passou também por um período de consultoria, em que olhamos mais para dentro e mais para o mercado. Temos hoje novas estratégias, novos planos e principalmente planejamento para colocá-los em prática.
E de tudo o que vivi no último um ano minha melhor lição é que não posso ter medo de viver esse sonho, de deixar a empresa andar sem mim, funcionar sem mim, e que isso pode e deve ser muito positivo.
E você, como é no seu negócio? Você acredita que está bom como está ou tem planos para crescer? Tem medo do futuro como eu tinha ou são outras questões que te afligem? Vamos papear!
Thiara Ney
3 pensamentos em “Vendo sua empresa crescer por Thiara Ney”
Parabéns pela atitude Thi, exemplos assim são dignos de um futuro brilhante!
Que a Tuty continue crescendo!!!
Beijos!
Mi
parabéns
Sua historia é bastante inspiradora!!! Parabéns pelas conquistas!
Bjinhos